A trajetória dramática do herói e a experiência com a forma do romance policial nas narrativas de Marçal Aquino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mendes, Fábio Marques
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191262
Resumo: Esta tese apresenta uma análise crítica dos romances de Marçal Aquino, a saber, O invasor (2002), Cabeça a prêmio (2003) e Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (2005), tendo por objetivo ressaltar como a trajetória dos heróis Ivan, Brito e Cauby contribuem para a experiência da forma do gênero policial. Para tal percepção, incluímos uma análise do conto “Matadores”, do mesmo autor, que servirá como matriz interpretativa dos romances. Argumentamos que os romances de Marçal Aquino são organizados em torno do ponto de vista de um herói que está inserido no mundo da pistolagem brasileira, contexto onde a violência é racionalizada e tornada matéria-prima do capital. Diante disso, os romances do autor não apenas dão certa continuidade, mas também realizam uma experiência com a forma tradicional da ficção policial, já que os heróis de Aquino, movidos principalmente pelo ressentimento, transitam entre os três elementos fundamentais do gênero, a saber, o detetive, o criminoso e a vítima. Sendo assim, os protagonistas de Aquino são uma espécie de síntese entre as três categorias do romance policial tradicional e o que eles vão fazer é mostrar que em termos de modelo narrativo há uma experiência da forma que problematiza aspectos da sociedade brasileira. Estes heróis tomam parte em um contexto histórico e político demarcado pela intersecção entre lei e ordem, por um Estado que agencia o crime e por matadores ajustados à lógica do trabalho e às leis do mercado, estando a violência presente em todo o tecido da ordem social. Nestes termos, a figura do herói, que elegemos como eixo de análise das narrativas de Aquino, é usada como metonímia da transgressão entre legalidade e crime, ocupando as múltiplas fronteiras (de classe, sociais, culturais, raciais, geográficas) a fim de ocupar um lugar favorável ou vantajoso no mundo, e isto com a finalidade de sobreviver numa sociedade estruturada pela perversidade. Isso é estruturado nos romances por meio de uma estratégia irônica articulada pelos narradores em 1ª e 3ª pessoa do discurso. Aquino, então agencia os modelos da narrativa policial para fazer um texto cuja dimensão política é crítica, sendo uma espécie de comentário quase parodístico sobre o que é a sociedade brasileira, interrogando-a, como um tipo de romance político-social. Destarte, as narrativas policiais de Aquino ocupam um lugar singular na ficção brasileira contemporânea.