Quebradeiras de coco babaçu: bem-estar humano na região do Bico do Papagaio, Tocantins

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Souza, Fernando da Cruz
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Bem-estar humano; Extrativismo; Quebradeira de coco babaçu; Funcionamentos e capacitações; Desenvolvimento
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244373

Esta pesquisa estabeleceu como como objetivo geral “compreender as dimensões de bem-estar humano em comunidades tradicionais rurais de quebradeiras de coco babaçu na região do Bico do Papagaio, Tocantins”. Para atingir o objetivo geral, adotou-se a abordagem qualitativa de cunho exploratório-descritivo, por meio do emprego dos métodos da pesquisa bibliográfica e documental e da pesquisa fenomenológica. Os instrumentos de coleta de dados utilizados na pesquisa foram a revisão sistemática de literatura, a revisão narrativa de literatura e a entrevista, conduzida a partir de um formulário semiestruturado. O local de estudo compreendeu a microrregião política do Bico do Papagaio, Tocantins. A população escolhida para a realização da pesquisa foi a de quebradeiras de coco babaçu. Para selecionar as entrevistadas, utilizou-se a amostragem por cadeias de referências, conhecida como “bola de neve”, a qual proporcionou a realização de cinco entrevistas. Os dados obtidos com as entrevistas foram sujeitados à análise de conteúdo temático categorial, a partir da qual foram articuladas cinco dimensões relevantes de bem-estar humano para o grupamento estudado, especificamente: i) produção agropecuária e segurança alimentar e nutricional; ii) renda e segurança econômica; iii) assistência à saúde; iv) relações com a natureza; e v) conexões sociais. Além de tais dimensões, foram levantadas as concepções subjetivas de bem-estar humano para as quebradeiras de coco babaçu. O principal achado da pesquisa diz respeito ao déficit existente em cada uma das seguintes dimensões: a agricultura de subsistência é limitada pela insegurança de posse e propriedade da terra, dado que as famílias produzem em modalidade de parceria ou comodato gratuito rural; A insegurança alimentar e nutricional, examinada pela falta de recursos para adquirir alimentos, impõe às trabalhadoras extrativistas a realização de atividades diversas para suprir a falta de alimentos, como o extrativismo, o cultivo e venda de animais e hortaliças, a compra à crédito, entre outros; a segurança econômica só foi alcançada pelas participantes da pesquisa quando se aposentaram, uma vez que os benefícios previdenciários são regulares, apresentam comprovação e valor fixo, qualidades não compartilhadas pelos demais trabalhos exercidos por elas; o principal sistema de assistência à saúde utilizado pelas mulheres entrevistadas é o SUS – tanto para consultas e exames como para a aquisição de medicamentos – e principal queixa das mulheres sobre este sistema é a morosidade na realização de consultas e exames; devido ao avanço da fronteira agrícola na região, há em curso intenso desflorestamento, cujas consequências são a extinção dos babaçuais e de serviços ecossistêmicos diversos para os povos tradicionais. Algumas dimensões de bem-estar humano valorizadas pelas quebradeiras de coco são: condições dignas de moradia; oportunidades de trabalho para os filhos; e disponibilidade de água potável. Tanto as dimensões analisadas como as valorizadas subjetivamente pelas participantes da pesquisa podem servir como direcionadoras dos investimentos em políticas públicas de desenvolvimento que busquem ampliar as liberdades das trabalhadoras.