Desafiando a desertificação da mídia: o jornalismo hiperlocal como instrumento de aproximação informativa em contraste aos desertos de notícia na Região Administrativa de Bauru, interior de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Miranda, Giovani Vieira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204810
Resumo: Viver em uma cidade que não possui sequer um jornal ou um veículo de comunicação digital ou por radiodifusão. Tudo o que é visto na TV, lido, ouvido ou assistido na internet não diz respeito à sua comunidade, bairro ou território de seu dia-a-dia. As principais fontes de informação desse “povo sem mídia’, na maioria das vezes é o conteúdo que circula no grupo de WhatsApp da família, entre os vizinhos e os “amigos mais chegados”. É esse conteúdo sem muita precisão informativa, ou até sem origem determinada, direciona muitas das atitudes cotidianas das pessoas desprovidas de senso crítico, e de fontes confiáveis de informações sobre a sua localidade e, também sobre a realidade nacional. Esse cenário constantemente desprovido de notícias locais retrata a realidade dos moradores de 3.487 cidades brasileiras, de um total de 5.570 cidades (62%), e de outros 19% que caminham para esse Estado de desertificação noticiosa, segundo o levantamento do Atlas da Notícia 2021. Os chamados “desertos de notícia” se espalham entre as cidades do interior de todo o país, concentrando-se naqueles municípios com baixos Índices de Desenvolvimento Humano e afugentados por toda a centralidade das regiões concentradas em populações e maiores rendas. A situação tem se agravado com o fechamento de veículos de imprensa em crise de público e arrecadação, o que tem aprofundado as desigualdades de acesso à informação jornalística, sobretudo às locais e regionais. Em contraste ao evidente cenário de desertificação noticiosa generalizada, o jornalismo local se destaca por estar mais próximo da realidade das pequenas cidades, dos bairros de cidades médias e de grandes centros. É um tipo de jornalismo que mantém a capacidade de dialogar com grupos étnicos, com diversos extratos culturais e os coletivos sindicais em localidades com grande concentração industrial. É o “localismo jornalístico” que mantém algumas condições de detectar primeiro o surgimento de fatos isolados, de novos comportamentos sociais e tendências políticas inéditas. A localidade noticiosa tem potencial para se fortalecer com o avanço das tecnologias digitais com a possibilidade de se concentrar em escala hiperlocal. Dessa forma, essa tese de doutorado, tem como objeto a análise do potencial de desenvolvimento do jornalismo local ou regional a partir de uma questão crucial: seria o jornalismo hiperlocal o elemento necessário para combater desertos de notícias? Por meio da problematização conceitual em torno do jornalismo local-regional, jornalismo comunitário e jornalismo glocal, buscou-se traçar as principais características, definições e exemplos do jornalismo hiperlocal no contexto das diferentes realidades do território brasileiro. A análise se aprofunda em um vasto mapeamento de mídia e identificação do comportamento do público midiático na denominada Região Administrativa de Bauru, interior de São Paulo. Com o cenário analisado e traçado busca-se, por fim, traçar as principais características dos veículos da mídia hiperlocal interiorana, com os quais são possíveis fazer regredir os desertos noticiosos presentes nas diversas regiões do País.