Chalconas e curcuminoides como novas alternativas para combater o cancro cítrico e alguns patógenos de interesse clínico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Morão, Luana Galvão [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180217
Resumo: O cancro cítrico é uma das doenças mais preocupantes no âmbito da citricultura. Causado pela bactéria Gram-negativa Xanthomonas citri subsp. citri está doença caracteriza-se pela aparição de lesões eruptivas e corticosas, castanho-amareladas em diversas partes aéreas das mais variadas espécies de Citros, sendo algumas mais susceptíveis que outras. Além disso, a infecção bacteriana na planta hospedeira desencadeia algumas alterações fisiológicas e metabólicas da planta dentre elas a produção demasiada de etileno, o que causa outro sintoma característico da doença, a queda prematura de frutos, o maior problema que o cancro cítrico acarreta, uma vez que os frutos não estão maduros e prontos o suficiente para serem colhidos e comercializados, podendo gerar prejuízo ao citricultor. Até o momento não há substâncias que sejam eficientes contra a bactéria Xanthomonas citri. Existem apenas medidas paliativas e, essencialmente, preventivas tais como a utilização de quebra ventos nos pomares, controle de mudas sadias, controle da larva minadora (Phyllocnistis citrella) e pulverização massiva de soluções de cobre fixo. A aplicação de soluções cúpricas é prejudicial ao meio ambiente, uma vez que o cobre tem efeito tóxico, cumulativo, carcinogênico e mutagênico, em pequenas quantidades. Sabe- se, também que há genes de resistência ao cobre, já existentes em X. citri. Paralelamente ao setor citrícola, tem-se a indústria farmacêutica e o extremo desafio em descobrir e produzir novas classes de antimicrobianos que apresentem capacidade de aniquilar diversas bactérias patogênicas de interesse clínico. O grande problema enfrentado, neste caso, é o uso incorreto de antimicrobianos existentes combinado com o aumento desenfreado de resistência bacteriana e ainda com a burocracia e alto custo nas pesquisas de ponta visando novas substâncias bioativas. Considerando a necessidade da obtenção de novas classes de substâncias potencialmente ativas e com menor taxa de toxicidade, tanto no setor citrícola quanto farmacêutico, nosso grupo de pesquisa, em colaboração com o Instituto de Química (Laboratório de Química Verde Medicinal) da UNESP de São José do Rio Preto e Universidade de Groningen, na Holanda, objetivaram a síntese de classes de compostos derivados de substâncias naturais, a fim de avaliar sua capacidade antimicrobiana frente ao fitopatógeno Xanthomonas citri subsp. citri bem como a alguns microrganismos de interesse clínico e modelos microbiológicos, tais como B. subtilis, E. coli, P. aeruginosa, S. enterica Typhimurium, E. faecalis e S. aureus. Ao todo foram testadas três classes de compostos sintéticos derivadas de curcumina e chalconas pelo método de microdiluição REMA. Também foi investigado o modo de ação dos compostos que foram bioativos, através de diversas técnicas: ensaio da integridade de membrana citoplasmática, ensaio de disrupção de septo de divisão celular, análise com FT-IR, análise da atividade GTPásica de FtsZ (associado ao septo de divisão celular), avaliação de síntese de macromoléculas através de radiomarcadores (para DNA, RNA, proteínas e parede celular) e dosagem de ATP intracelular para avaliar perturbação na via energética. Nove compostos foram ativos contra B. subtilis, seis contra X. citri e dois contra S. aureus, atingindo um percentual de inibição de crescimento bacteriano maior que 90%. Testes realizados em plantas infectadas com X. citri, tratada com os compostos, mostraram a eliminação da capacidade de causar cancro comparado aos controles negativos. Os testes do modo de ação destes compostos sugeriram que alguns podem ter ação multi target, outro composto mostrou ação específica na desestruturação da integridade da membrana citoplasmática e outro ainda demonstrou agir na disrupção do septo de divisão celular bacteriana. No entanto análises futuras e novos testes do modo de ação podem confirmar e completar esses resultados.