Comportamento, fluência verbal e ritmos circadianos em indivíduos com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) antes e após o uso de melatonina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Zuculo, Gabriela Melloni [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/138316
Resumo: As características comuns ao quadro do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) destacadas pelo DSM-5 são: déficit de comunicação, dificuldade em fazer amizades ou se relacionar, dependência de rotina, resistência a mudanças e obsessão por itens inapropriados. Tais comportamentos podem ser observados desde a infância, porém com variações em cada indivíduo, o que levou o TEA a ser considerado um “continuum” que varia de menos comprometido (leve) a muito comprometido (grave). Dentre a complexa sintomatologia do TEA nos diferentes graus destaca-se a alta prevalência de distúrbios de sono, com influência negativa nas alterações comportamentais, instabilidade de humor, déficits nas funções neurocognitivas, incluindo memória, atenção, criatividade verbal, flexibilidade cognitiva e raciocínio abstrato. Como possível causa dos distúrbios de sono nessa população, está o déficit na produção de melatonina, hormônio que tem dentre suas funções a modulação da qualidade do sono. Com o intuito de fornecer dados para futuros tratamentos visando à melhora da qualidade de vida de indivíduos com TEA, esse estudo teve como objetivo investigar parâmetros de ritmo sono-vigília, aspectos comportamentais e de fluência verbal, antes e após o uso de melatonina exógena em indivíduos com TEA leve. Indivíduos com TEA leve de ambos os gêneros, de 7 a 18 anos, foram avaliados por meio da Escala de sono para crianças (EDSC), actigrafia, Child Behavior Checklist (CBCL) e Teste de fluência verbal fonêmica antes e após o uso oral de melatonina (3mg). A análise estatística descritiva foi feita a partir da média e erro padrão da média ou do percentual nos diferentes parâmetros e a análise estatística inferencial foi feita a partir do teste Anova com o teste de Tukey (pós-teste) e o teste de correlação de Spearman. Os resultados mostraram que 55,5% dos participantes com TEA leve apresentam indicativo de ao menos um distúrbio de sono, sendo os maiores percentuais encontrados em distúrbios de hiperidrose de sono, distúrbios respiratórios de sono e distúrbios de início e manutenção de sono. O grupo que recebeu melatonina apresentou os menores percentuais de distúrbios de sono com exceção do distúrbio de hiperidrose do sono. A análise da actigrafia mostrou que: o grupo TEA leve melatonina apresentou maior tempo total de sono em comparação aos outros grupos. Houve divergência sobre o ritmo atividade-repouso entre os parâmetros de fragmentação e amplitude do ritmo, sendo encontrado que o grupo TEA leve melatonina apresentou: ritmo menos fragmentado segundo o Aczcm e o IVm; e maior amplitude de ritmo segundo RAd e menor amplitude de ritmo segundo Sumpim. Os resultados do inventário de comportamento indicaram que as crianças com TEA leve apresentam os maiores escores classificados como clínico em problemas de pensamento, ansiedade, retraimento, comportamentos internalizantes e comportamentos externalizantes. O grupo que recebeu melatonina apresentou menores percentuais de escores classificados como clínico pelo inventário CBCL. A média de acertos no teste de fluência verbal fonêmica no grupo TEA leve foi de 13,9 ± 1,6. Quando separado por letras, o resultado foi P= 5,4 ± 0,7, T= 4,3 ± 0,5, L= 4,6 ± 0,6. Houve correlação entre os distúrbios totais de sono e os problemas somáticos de comportamento apresentados pelo grupo TEA leve. Estes dados mostram que crianças com TEA leve apresentam alta incidência de distúrbios de sono assim como no TEA sem especificação de grau, porém em menor escala. Estes distúrbios afetam aspectos comportamentais destas crianças e o tratamento com melatonina pode levar a melhora deste quadro. A fluência verbal de crianças com TEA grau leve é similar a de crianças com desenvolvimento típico.