Palimpsestos: a memória, a mulher e a construção ficcional em Montserrat Roig

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Oliveira, Katia Aparecida da Silva [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/144390
Resumo: A trilogia de romances da escritora catalã Montserrat Roig (1946-1991) composta por Ramona, adéu (1972), El temps de les cireres (1978) e L’hora violeta (1980) (traduzidos para o espanhol como Ramona, adiós, Tiempo de cerezas e La hora violeta) pode ser compreendida como a representação de seu projeto literário, colocando em evidência sua visão sobre o papel da literatura e a importância do registro e preservação da memória. Considera-se que tais obras, que concentram suas narrativas no período que compreende o final do século XIX até os primeiros anos da transição espanhola, recuperam memórias coletivas (HALBWACHS, 1990) relacionadas a esses anos da história barcelonesa, dando visibilidade a um passado silenciado durante a ditadura e voz a grupos marginalizados, em especial as mulheres. A trilogia integra, assim, junto a um passado que havia sido emudecido, a história das mulheres, reivindicada a partir dos movimentos feministas como forma de empoderamento. Da mesma forma que a recuperação do passado permite que o povo reconheça sua própria história e se veja nela, a escrita da história das mulheres permite reconhecer a sua participação histórica, revelando protagonismos e promovendo o auto-conhecimento. Às manifestações da memória inscritas nas obras, soma-se a memória literária (SAMOYAUT, 2008), representada a partir da intertextualidade que compõe os romances. A trilogia revela também um processo de construção que se insere na definição de metaficção historiográfica (HUTCHEON, 1991), um processo de revisão da história a partir da literatura, que promove a autorreflexão sobre o passado e sobre a própria obra literária. Ademais, Roig insere nos romances elementos autoficcionais, evidenciando o processo de elaboração literária e a relação do autor com sua produção. Dessa forma, pretende-se demonstrar que a trilogia é formada por uma complexa rede de sentidos que representa o projeto literário de Roig, destacando sua preocupação com a preservação da memória e sua visão da literatura como um instrumento social, capaz de representar, preservar e propagar a identidade, o passado e as leituras de mundo criadas pelo ser humano, promovendo a reflexão sobre a realidade e inspirando mudanças sobre ela.