Jogos da exclusão: Rio 2016 e o militarismo urbano de uma cidade global de vitrine

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Roveder, Wagner [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
UPP
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/183455
Resumo: O Rio de Janeiro inseriu-se, fortemente, nos circuitos internacionais de interesses econômicos e políticos através da possibilidade de sediar megaeventos esportivos de portes globais. Dessa maneira, a “cidade maravilhosa dos encantos mil” precisou modificar-se, adequar-se a modelos e padrões internacionais que possibilitassem essa inserção. Dois grandes projetos se estabeleceram na dinâmica urbana carioca. O primeiro diz respeito à execução de grandes intervenções urbanísticas de transformações e remoções violentas sem precedentes, como no Porto Maravilha, ditadas por um modelo de cidade neoliberal aberta à iniciativa financeira internacional. O segundo é talvez o mais cruel e persistente, a militarização do cotidiano das periferias realizada pelas ocupações militares e, principalmente, pela implementação das Unidades de Polícia Pacificadoras, que foram orientadas por tecnicidades de controle e monitoramento de cunho coercitivo e violento. Esses dois projetos instruíram a imagem de uma cidade que, muito além de ser somente atrativa para investimentos, ela se tornaria, primordialmente, segura e ordenada. Nesse sentido, o trabalho tem como objetivo analisar em paralelo a convergência desses dois fenômenos e suas implicações para as dinâmicas urbanas no Rio de Janeiro, as quais tentaram projetar internacionalmente uma imagem de cidade global de vitrine, militarizada, modificada, neoliberal e pacificada, perfeita para ser vendida como sinônimo de desenvolvimento. À princípio, o consenso que se criou no Rio em 2009 projetou um futuro citadino idealizado muito especifico para acomodar os Jogos e o processo de militarização urbana da periferia era parte desse futuro, ou melhor, ele era fundamental para realizar o megaevento de 2016. Novas percepções de (in) segurança foram criadas a partir desses dois movimentos e, assim, um projeto de pacificação espacial se une a um projeto de reurbanização através de expulsões e gentrificação urbana. As intervenções urbanas no Rio 2016 foram em sua maioria concentradas em localidades estratégicas para a realização do evento no que se denominou de clusters olímpicos rodeados por cinturões de segurança obtidos através da militarização e pacificação da periferia. Nesse sentido, a militarização urbana colocou-se como a melhor das alternativas para combater a desordem urbana e pacificar as favelas, visando a um projeto de transformar a cidade em referência internacional de um modelo militarizado de gestão e controle urbano.