Emissão de gases de efeito estufa e estoque de carbono no solo em função do manejo e correção de acidez

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Janegitz, Moniki Campos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/137829
Resumo: Uma opção viável para mitigação de gases de efeito estufa, na agricultura, é aumentar o aporte orgânico no sistema, através de plantas. A prática da calagem em solos ácidos é indispensável para a melhoria da acidez e contribui para o aumento de produção de grãos e biomassa; por outro lado, resulta em emissão de carbono para a atmosfera. O uso do calcário ou silicato associado ao gesso pode ser eficiente em melhorar o balanço de carbono no sistema, quando comparado apenas com a aplicação isolada desses corretivos, por proporcionar maior crescimento radicular. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a emissão de gases de efeito estufa, bem como alterações no estoque de carbono no perfil do solo, em função da correção da acidez. O experimento foi conduzido em Botucatu, SP, na Fazenda Experimental Lageado, em duas áreas pareadas, uma em semeadura direta e outra em sistema convencional de cultivo, tendo como cultura de verão a soja, seguida de safrinha com milho + braquiária (Urochloa ruziziensis cv. Comum), no primeiro ano, e milheto + braquiária, no segundo ano. Os tratamentos foram: testemunha, calcário, silicato, gesso + calcário, gesso + silicato. Amostras de solo deformadas e indeformadas foram coletadas até 1m de profundidade antes da aplicação dos tratamentos e na semeadura da soja, em novembro, para o cálculo de balanço de carbono no sistema. No primeiro ano, o solo foi coletado apenas de 0 - 0,6m. Foi determinada a fertilidade do solo, teor de carbono e fracionamento físico da matéria orgânica e densidade do solo. O aporte e a persistência de palha sobre o solo foram avaliados periodicamente. Foi realizada diagnose foliar, quantificação radicular, produção de grãos e teor de carbono nos grãos e raiz. As amostragens de gases para a determinação dos fluxos do CO2, N2O e CH4 provenientes do solo foram realizadas após a aplicação dos tratamentos, no primeiro ano, após a semeadura da soja, nas duas safras, e em março do segundo (após semeadura do milho + braquiária) e terceiro anos (após a semeadura do milheto + braquiária) totalizando 80 amostragens, em 22 meses de experimentação. A partir dos dados de estoques de carbono (via aporte de resíduos e solo) e emissão de C-CO2, foi calculado o índice de conservação de carbono. Os dados de N2O e CH4 foram transformados em C-CO2 equivalente segundo o IPCC. A emissão média anual de C-CO2 foi de 7,8 Mg ha-1. Os corretivos foram igualmente eficientes na correção de acidez do solo. Os sistemas de cultivo influenciaram a fertilidade do solo, estoque de carbono, frações de carbono no solo e emissão de gases de efeito estufa. A semeadura direta colaborou para a melhoria do ambiente solo-planta. O uso do calcário, associado ou não ao gesso, aumentou a emissão inicial de CO2 do solo, enquanto a emissão de N2O foi diminuída, na presença de silicato. Para o CH4, ocorreu influxo do gás no solo, sem diferença entre tratamentos para ambos os sistemas de manejo de cultivo, aos 35 dias após a aplicação dos corretivos, sem presença de planta. Conclui-se que o uso de corretivos de acidez do solo não aumenta a emissão de CO2 da biosfera para a atmosfera em relação à testemunha, na avaliação final dos 22 meses de experimentação. A emissão de gases em função da correção de acidez do solo é inicial, e se estabiliza ao longo do tempo, mostrando que o uso do calcário, ainda que possa emitir CO2 para a atmosfera, através de sua reação, causa efeito priming no solo. A emissão acumulada de C-CO2 foi similar nos dois sistemas de cultivo (convencional e direto). O estudo a partir de emissões de gases de efeito estufa, apenas, não permite analisar o sistema de manejo de solo. A adoção da semeadura direta ainda é a principal prática de manejo conservacionista a ser considerada com efeitos diretos no aumento de carbono no sistema. Por outro lado, além da semeadura direta, o uso de calcário associado ao gesso melhora positivamente o índice de conservação de carbono no solo. O uso de gesso melhora as propriedades químicas, aumenta o aporte de C, o estoque de carbono no solo e, consequentemente, pode ser uma prática promissora, favorecendo a mitigação de C da atmosfera para a biosfera, além de promover aumentos de produtividade da soja.