Educação, filosofia e magia: uma anarqueologia do cuidado de si entre o daimon e os sonhos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Perencini, Tiago Brentam [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192474
Resumo: Esta tese é uma investigação transversal entre os campos da Educação, da Filosofia e da Magia. O percurso singular de minha existência, aliado à percepção da emergência de saberes e práticas da magia enquanto possibilidade de resistência à biopolítica e ao neoliberalismo na atualidade, possibilitou enunciar a problemática de pesquisa nos seguintes termos: Como a relação entre filosofia e magia permite experimentarmos outra educação filosófica no tempo presente? O meu objetivo geral é desenvolver usos aproximados entre magia e filosofia que problematizem práticas vigentes em nossa formação acadêmica em filosofia. Experimento a hipótese de que tornar visível a ética do cuidado de si em sua dimensão arcaica – cronologia emergente da filosofia ocidental - permite uma integração ao campo da magia como possibilidade de ensaiar um tipo de educação filosófica que amplia o conjunto de técnicas de si para além do pensamento crítico e do humanismo como paradigma epistemológico e disciplinar que nos subjetiva atualmente. Penso o cuidado de si enredado a dois conceitos-chave que a ele se relacionam no período arcaico: o daimon e os sonhos. A especificidade de meu objeto convida Michel Foucault como o principal referencial teórico de tese, mas exige que eu pense com e para além dele. Tal movimento incorre por quatro objetivos específicos, sintetizados como capítulos de tese: (1) Ensaio uma anarqueologia como procedimento e atitude de pesquisa, mostrando certa interface (in)desejável entre biopolítica e magia e também o gesto de apagamento do pensamento visionário promovido pelo discurso secularizado da filosofia. (2) Escavo os rastros arcaicos da filosofia tomando como ponto focal o liame entre cuidado e uso de si, que me conduziu ao xamanismo, permitindo pensar certa face esotérica e exotérica da filosofia. Trato Sócrates por mestre infame do cuidado de si, figura dobradiça entre os paradigmas da filosofia e magia, tornando visível a farmacologia como outra face da filosofia. (3) Penso a dimensão onírica do cuidado de si. Analiso dois sonhos vistos por Sócrates a fim de ensaiar uma filosofia da expressão enredada ao ato da escrita como alquimia de si. Os sonhos nessa direção compreendem uma dimensão ética, profética e curativa que extrapolam a singularidade da psique, encontrando no enfrentamento da morte uma insurreição como espiritualidade política do comum. (4) Por fim, produzo uma anarqueologia do daimon com ressonância para o cuidado de si, que possa integrar a espiritualidade ascética, em sua tarefa de autoformação e transformação de si, à erótica como destinação enredada pelo cultivo dos desejos. Problematizo, dessa maneira, como a experiência-limite daimoníaca permite expor as fissuras da estrutura democrática do Ocidente. Tal caminhada tem me possibilitado ensaiar uma educação filosófica pelo dom, que integre uma ontologia da alma à estilística da existência pela dimensão ascética e erótica do cuidado de si como desafio para a contemporaneidade.