O avanço do capitalismo no Cerrado brasileiro e a metamorfose do latifúndio no município de Pedro Afonso Tocantins

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Oliveira, Sebastião de Souza [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153139
Resumo: Este estudo buscou compreender os processos que conduziram à metamorfose do latifúndio no município de Pedro Afonso no Estado do Tocantins. Para que se cumprissem os objetivos almejados, fez se o esforço de definir a metamorfose do latifúndio como conceito balizador para compreender o emaranhado espaçotemporal da questão agrária na região do atual estado do Tocantins. Tais mudanças latifundiárias não aconteceram de um momento para outro, mas integram a princípio o Planejamento oficial amplo, para a região Norte de cunho político, geopolítico e econômico. O Estado tem sido o mediador principal, no sentido de abrir caminho, por intermédio de infraestruturas, leis ambientais, incentivos fiscais em beneficio do capitalismo no campo. Para acelerar ou fazer chegar o “desenvolvimento” aos lugares ainda não explorados, sobretudo aqueles escolhidos pelo próprio capital, servidos de terras planas e água como é o caso do município de Pedro Afonso localizado na confluência de dois grandes rios – Tocantins e Sono. Contudo, os Projetos governamentais endereçados ao Norte e Centro-Oeste brasileiro iniciaram na década de 1930 no Governo Vargas a Marcha para o Oeste; em 1950 o Plano de Metas com Juscelino Kubistchek; em 1964 o Governo dos Militares; em 1973 a implantação do Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento do Cerrado (PRODECER), primeira fase no estado de Minas Gerais e expansão para Goiás e Mato Grosso do Sul. Chama-se atenção para este último devido o rompimento das exportações de produtos agrícolas dos Estados Unidos para o Japão, sobretudo grãos e farelo, o que conduziu o governo japonês a estreitar as relações com o Brasil, e o Cerrado passa a ser capturado para o plantio de soja. O Projeto foi desenvolvido em três Fases, sendo a última (PRODECER III) sediada no município de Pedro Afonso entre os anos de 1995 a 2003, situado como o grande marco e mais impactante para metamorfose do latifúndio tradicional em empresarial. A arrumação territorial do primeiro destoa do segundo, principalmente na forma de uso da terra: emprego de mão-de-obra, preço da terra, tipo de cultivo, degradação ambiental etc.; já o segundo, totalmente voltado para o mercado externo, potencializado pelo maior alcance/acesso às técnicas de produção denominadas “revolucionárias” e financiamento bancário, atinge patamar considerável de destruição do patrimônio social-político-ambiental do Cerrado para a produção de commodities - Predominantemente soja e mais recente cana de açúcar. No mesmo território municipal de Pedro Afonso e demais municípios circunvizinhos, encontramse inviabilizados pelas políticas públicas, fragmentados politicamente, estão os camponeses resistentes tentando se recompor por meio de Associações. Na tese, esclarece-se o longo processo de sedimentação do latifúndio tradicional e a metamorfose deste que começa com o uso intenso de aparato tecnológico e biotecnológico, tendo os solos do Cerrado como ponto culminante da produção de commodities. Ressalva-se que para chegar a esse resultado, foi importante a busca por leituras de autores da temática analisada, dados secundários (IBGE) e Trabalho de Campo.