Resumo: |
O trabalho objetiva colaborar com a produção literária sobre o fenômeno da migração nordestina no país. Para tal, na pesquisa desenvolvida, a atenção se volta à cidade de Américo Brasiliense, interior do estado de São Paulo, como universo empírico de análise. No município, a migração nordestina para os trabalhos nos canaviais foi expressiva. Esses sujeitos transitaram temporariamente e, posteriormente, fixaram-se na cidade, colaborando para desenvolvê-la. Por intermédio da categoria baiano, articulada pelos moradores de Américo Brasiliense, nos diálogos em campo, para qualificar esses grupos que migraram para o município e que é carregada, mormente, de teor pejorativo, estabelecemos que a retórica local sobre a migração nordestina – imersa na categoria baiano – seria o ponto de partida para a construção da pesquisa. Para o desenvolvimento da pesquisa, o trabalho de campo foi crucial. Além disso, utilizamo-nos de dados históricos disponíveis no site da prefeitura, do censo do IBGE, de relatórios do IPEA, de periódicos de jornais, além da vasta literatura produzida sobre o tema. Compreendemos, a partir da realidade concreta de Américo Brasiliense, que o fenômeno da migração de escassez no Nordeste, que provocou grandes deslocamentos de sua população, deve ser apreendido enquanto fenômeno histórico. Assim sendo, com o objetivo de abarcar os elementos de violência e subjugação na idas- e-vindas dos nordestinos e, apesar desta realidade, apresentar a ampla influência desses sujeitos nos diversos espaços em que se situaram, utilizamo-nos do conceito de diáspora. Nesse cenário, concluímos que essa migração carrega, em sua funcionalidade, sistemas de poder e práticas discursivas que corroboram a representação dos nordestinos sob estigmas, estereótipos e preconceitos, provocando resultados nocivos, confirmando a característica de violência que a migração de escassez integra. |
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