Influência da temperatura nas respostas aos biocidas diazinon e carbaril em Dilocarcinus pagei Stimpson, 1861

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Lima, Alexandre Vidotto Barboza [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/137746
Resumo: As mudanças climáticas globais têm recebido destaque na área da toxicologia aquática em função dos efeitos que as alterações na temperatura da água podem exercer nas respostas dos organismos aquáticos aos contaminantes ambientais. A temperatura corpórea dos organismos ectotérmicos, como os crustáceos, é totalmente dependente da temperatura do ambiente, de modo que aumentos na temperatura afetam diretamente o metabolismo desses animais, acelerando as reações bioquímicas e a absorção de muitos contaminantes aquáticos no organismo. Neste trabalho foi investigado a influência de três faixas de temperatura (18, 23 e 28 °C) na toxicidade dos biocidas diazinon (organofosforado) e carbaril (carbamato) nas brânquias e no hepatopâncreas de machos e fêmeas do caranguejo de água doce Dilocarcinus pagei, utilizando como parâmetros analíticos as enzimas antioxidantes glutationa S-tranferase (GST), glutationa peroxidase (GPx), glutationa redutase (GR), glicose 6-fosfato-desidrogenase (G6PDH), níveis de peroxidação lipídica por meio da formação do malondialdeído (MDA) e os efeitos clássicos de inibição das esterases acetilcolinesterase (AChE) e carboxilesterase (CbE). As atividades enzimáticas foram analisadas por espectrofotometria e os níveis de peroxidação lipídica por cromatografia líquida de alta performance (HPLC). A exposição de fêmeas de D. pagei ao diazinon por sete dias, levou á diminuição na atividade da GPx na concentração de 10 e 100 μg L-1 a 23°C, enquanto que nas brânquias foi observado diminuição da GST apenas na concentração de 10 μg L-1 em 23 °C. Quanto aos machos, os resultados apresentaram diminuição da GST na concentração de 100 μg L-1 tanto em 18 °C quanto em 28 °C. Também foi observado diminuição na atividade da GR na maior concentração (100 μg L-1) em 18 °C no hepatopâncreas deste mesmo sexo. Nas brânquias, este grupo apresentou diminuição da GPx em 18 °C na concentração de 100μg L-1 e aumento da GR na concentração de 10μg L-1 em 28 °C. Ao analisar a resposta apresentada pela G6PDH observou-se diminuição na atividade desta enzima na concentração de 100 μg L-1 em 18 e 23 °C no hepatopâncreas de machos expostos ao diazinon. Por outro lado, as fêmeas apresentaram aumento na maior concentração em 23 °C. No que diz respeito às brânquias de indivíduos expostos ao diazinon, pode-se observar diminuição na atividade da G6PDH em fêmeas na concentração de 100 μg L-1 a 28 °C. Por outro lado, observa-se aumento em sua atividade na maior concentração (100 μg L-1) a 23 °C. Machos não apresentaram alterações significantes da G6PDH nas brânquias. Quanto aos níveis de peroxidação lipídica, foi observado aumento apenas no hepatopâncreas de indivíduos expostos a este biocida a 23 °C, tanto nos machos quanto fêmeas apresentaram aumento nos níveis de MDA em 10 μg L-1 e apenas machos apresentaram aumento em 100 μg L-1. Em brânquias não foram observadas alterações significantes. Após exposição por sete dias ao diazinon pôde-se observar inibição da atividade da AChE em brânquias de machos expostos a 10 e 100 µg L-1 deste composto a 18 e 28 °C. No hepatopâncreas não foram observadas inibições significantes quanto a ação do composto. A CbE apresentou inibição em sua atividade no hepatopâncreas de machos nas concentração de 10µg L-1 em 18 °C e em ambas as concentrações em 23 e 28 °C. No que diz respeito às brânquias, houve inibição da CbE apenas em fêmeas expostas a 100µg L-1 do diazinon a 18 °C. Quanto ás respostas antioxidantes ao carbaril, em fêmeas foi observado aumento na atividade da GST na concentração de 100 μg L-1 a 18 °C no hepatopâncreas. Nessa mesma temperatura, foi observado aumento na atividade da GR na concentração de 10 μg L-1 e da GPx em 100 μg L-1. Por outro lado, nas brânquias foi observado aumento apenas na atividade da GR na concentração de 10 μg L-1 a 18 °C. Os machos expostos ao carbaril apresentaram aumento apenas da GST na concentração de 100 μg L-1 a 28 °C no hepatopâncreas. As brânquias de organismos expostos ao carbaril não apresentaram respostas significantes para as enzimas antioxidantes testadas. Quanto a G6PDH, houve aumento significante dessa enzima apenas na concentração de 10 μg L-1 a 18 °C em brânquias de fêmeas. No hepatopâncreas, houve diminuição nos níveis de MDA em machos expostos ao carbaril na concentração de 10 μg L-1 em 18 °C e nas duas concentrações (10 e 100 μg L-1) a 23 °C, ao passo que em fêmeas, neste órgão, foi observado aumento nos níveis de MDA apenas em 100 μg L-1 a 23 °C. No que diz respeito às brânquias, apenas fêmeas apresentaram aumento nos níveis de MDA na concentração de 100 μg L-1 em 18 e 28 °C. Após exposição de machos e fêmeas de D. pagei por sete dias ao carbaril pôde-se observar inibição da atividade da AChE e da CbE no hepatopâncreas apenas de fêmeas na maior concentração a 18 °C. De acordo com os resultados obtidos, pôde-se concluir que: Entre os biocidas testados, o carbaril se mostrou mais tóxico para fêmeas de D. pagei, uma vez que aumentos nos níveis de peroxidação lipídica foram observados com maior frequência nesse gênero. Além disso, as brânquias deste sexo demonstraram maior sensibilidade à ação do carbaril em relação ao hepatopâncreas e a combinação deste biocida a extremos de temperatura (18 e 28 °C) são mais prejudiciais a este sexo, pois aumentos nos níveis de peroxidação lipídica foram observadas com maior frequência nas brânquias nessas duas temperaturas. Nos machos a combinação entre o diazinon e a temperatura intermediária (23 °C) foi mais prejudicial no hepatopâncreas, uma vez que aumentos nos níveis de peroxidação lipídica foram observadas com maior frequência nesse órgão. Além disso, o aumento da temperatura aumentou a toxicidade do diazinon a CbE no hepatopâncreas de machos. Além do mais, a sensibilidade das brânquias de machos ao diazinon é maior em extremos de temperatura (18 e 28 °C). A temperatura influenciou tanto a atividade enzimática quanto a toxicidade dos biocidas diazinon e carbaril em D. pagei, uma vez que todas as enzimas testadas e os níveis de peroxidação lipídica apresentaram alterações relacionadas ao aumento da temperatura e a ação dos biocidas foi diferente nas três temperaturas testadas. Por fim, a espécie D. pagei demonstrou grande eficiência como organismo teste para a avaliação da presença de biocidas OP e CM em ambientes sob estresse térmico.