O arquiteto das orquídeas: trajetória e memória de George William Butler, médico e missionário protestante no Nordeste da aurora republicana (1883-1919)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Véras, Rogério de Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154857
Resumo: Esta pesquisa trata da trajetória e da memória de George William Butler (1853[?]-1919), médico e missionário protestante que viveu no Nordeste do Brasil em fins do século XIX e início do XX, período de transformações como a crise da influência da Igreja Católica, crise da Monarquia e a implantação do regime republicano. Privilegia-se o biográfico como meio de interpretação da realidade social e histórica, cujo objetivo foi compreender como um indivíduo, agente de uma religião minoritária, vivenciou as transformações macrossociais da secularização da sociedade, percebendo o seu papel neste processo que desembocou na separação Igreja e Estado e na legitimação da pluralidade religiosa, bem como a importância dos protestantes no processo de reconfiguração do espaço público. Por se tratar de uma trajetória permeada por uma memória institucional, empreende-se um estudo sobre a memória deste personagem, procurando compreender suas lógicas, coerções e esquecimentos; os processos de construção, reconstrução, disputas e reprodução da memória de George Butler, com diferentes usos em projetos de intervenção no espaço público por grupos protestantes política e ideologicamente diferentes. Utiliza-se diversos tipos de fontes: os relatórios de George Butler, de sua esposa, Rena Butler, e de seus aliados; os jornais das cidades de São Luís, Recife, Garanhuns e Canhotinho, além de jornais eclesiásticos, atas de reuniões eclesiásticas e as biografias sobre George Butler; imagens e fotografias divulgadas pelos missionários, especialmente as divulgadas pelo casal Butler; fontes da cultura material como o mausoléu edificado em homenagem a George Butler e a arquitetura das igrejas presbiterianas em São Luís, Recife e Canhotinho construídas por ele; fontes orais por meio de entrevistas com os primeiros biógrafos de George Butler, com fiéis das igrejas e moradores das cidades de Garanhuns e Canhotinho. Reconhece-se novas facetas desse personagem (o polemista, o filantropo, o arquiteto), que complexificam as imagens consagradas pela memória oficial, assim como realocam o papel da esposa como um sustentáculo financeiro da sua missão pela exportação de orquídeas. Compreende-se que a vida de George Butler foi reelaborada na escrita dos biógrafos, de forma a adequar-se aos interesses institucionais de reforço e divulgação de valores e práticas vinculadas a ortodoxias doutrinárias conservadoras. Evidencia-se assim um perfil de agente eclesiástico gerado pelo anseio de auto-identificação dos atuais dirigentes institucionais com seus heróis do passado e de oferecer às futuras gerações um exemplo a ser seguido.