Etnobotânica e diversidade genética de mandioca (Manihot esculenta Crantz.): a manutenção da agrobiodiversidade em comunidades tradicionais de Jangada, Mato Grosso, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Oler, Juliana Rodrigues Larrosa [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152357
Resumo: Sabe-se que os agricultores de pequena escala que praticam agricultura de modo tradicional desempenham um importante papel na manutenção da agrobiodiversidade, podendo complementar o trabalho de conservação ex situ. Um dos cultivos mais presentes na agricultura tradicional tropical é a mandioca (Manihot esculenta Crantz.), base alimentar de mais de 800 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, encontra-se elevada diversidade intraespecífica da referida tuberosa, sobretudo entre os agricultores da Baixada Cuiabana, Mato Grosso, que ainda praticam agricultura nos moldes tradicionais por meio de técnicas que não apenas mantêm, mas também amplificam essa diversidade. O presente estudo teve como objetivo caracterizar a dinâmica de cultivo das variedades locais de mandioca das comunidades tradicionais contíguas Mutum (Mt), Vaquejador (Vq), Ribeirão das Pedras Acima (Ra) e Quilombo (Qb), localizadas no município de Jangada-MT e analisar a influência dos aspectos socioeconômicos, culturais e genéticos na manutenção da agrobiodiversidade local, bem como analisar as relações entre as comunidades estudadas e suas influências sobre o manejo da agrobiodiversidade. Os capítulos que compõem este trabalho consistem em: 1) Apresentação da problemática, área de estudo, métodos e análises utilizados; 2) Caracterização socioeconômica das comunidades estudadas e dos agricultores; 3) Descrição dos espaços de cultivo, técnicas de manejo e produção de farinha de mandioca; e 4) Levantamento etnobotânico e análise genética das variedades de mandioca cultivadas. Em linhas gerais, o perfil dos agricultores foi semelhante, sendo a atividade agrícola praticada principalmente por homens com idade mediana de 56 anos. Quanto à manutenção dos jovens no campo, a comunidade Mt foi a que apresentou maior saída de jovens da zona rural (63,9 %), enquanto que Ra exibiu a maior quantidade de novas unidades familiares no mesmo local (64,3 %). Falta de infraestrutura, de acesso à educação e a serviços de saúde, assim como a busca por melhores oportunidades profissionais destacaram-se entre os motivos para que os jovens deixassem as comunidades. A agricultura era praticada em quintais e roças nas quatro comunidades. O modo de fazer agricultura foi similar em todas elas, mesclando técnicas tradicionais e modernas, sendo que a mandioca constituía uma importante espécie para alimentação. A principal dificuldade para o cultivo da mandioca foi a escassez de mão de obra e de assistência técnica. A manufatura de farinha de mandioca era mais importante para as comunidades Ra e Vq. Os agricultores citaram a presença do atravessador como o maior entrave para a comercialização da farinha produzida. Foram catalogadas 31 variedades locais, sendo Mt a comunidade mais diversificada (H’ = 2,64). Elevada diversidade genética também foi observada, evidenciando o potencial das comunidades como mantenedoras da agrobiodiversidade. A rede de circulação de propágulos mostrou-se complexa e pode ser responsável pela semelhança genética das comunidades mais próximas entre si geograficamente. A existência de outras comunidades e até cidades abarcadas pela rede de circulação de propágulos indica a necessidade de uma abordagem regional em futuros estudos para melhor compreensão da dinâmica de conservação da agrobiodiversidade.