Impacto da prescrição de exercício físico regular na qualidade de vida e função ventricular de pacientes com doença falciforme

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Araujo Jr, Jonas Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/157232
Resumo: Introdução: Doença falciforme (DF) refere-se a um grupo de entidades nosológicas hemolíticas hereditárias, decorrentes da mutação da hemoglobina, com padrão de hemoglobina S. A polimerização das moléculas de hemoglobina S desoxigenada causa falcização dos eritrócitos, podendo levar à oclusão dos vasos sanguíneos e isquemia de múltiplos órgãos, implicando em redução da capacidade funcional e cardiovascular, crises dolorosas frequentes, inflamação crônica, insuficiência de órgãos e prejuízo na qualidade de vida. O efeito benéfico do exercício físico na qualidade de vida e na capacidade funcional é bem descrito nos pacientes com doença cardiovascular, no entanto, estudos conclusivos são necessários sobre o efeito da prescrição de exercício físico regular nos pacientes com doença falciforme. Ainda é controverso se o estresse físico pode desencadear crises de falcização e piora do quadro clínico. Objetivo: Avaliar o impacto da prescrição de exercício físico regular na sintomatologia, no VO2 de pico, na função cardiovascular e na qualidade de vida de pacientes com doença falciforme. Metodologia: Foi realizado ensaio clínico não randomizado em pacientes com doença falciforme em seguimento ambulatorial e livres de crises de falcização há, pelo menos, 30 dias antes da data de inclusão, divididos em dois grupos pareados por idade e sexo: Grupo Exercício (EXE): composto por 14 pacientes, submetidos à prescrição de exercício físico regular aeróbio 3 vezes por semana, com duração de 1 hora por 8 semanas; Grupo Controle (CON, n=13): sem prescrição e supervisão da prática regular de exercício físico. Os dois grupos foram submetidos, antes e após intervenção, às avaliações: clínica, do VO2 pico (avaliação física e teste ergométrico), da qualidade de vida (questionário SF-36), do grau de sedentarismo (IPAQ), da função ventricular (ecocardiograma transtorácico) e medida da espessura médio-intimal (EMIC) por ultrassonografia de carótidas. As comparações entre grupos foram realizadas por meio de Análise de Variância (ANOVA) de dois fatores, considerando os fatores tempo e grupo. As correlações entre as variáveis do mesmo grupo foram realizadas por meio de regressão linear para distribuição normal e correlação de Pearson para distribuição não normal, com nível de significância p<0,05. Resultados: Os resultados mostraram que as características basais (M0) dos grupos não apresentaram diferenças significativas. Os grupos foram comparados no momento inicial (M0) e final (M2). Foi observada melhora significativa no VO2 pico (p=0,03), Resumo 2  função sistólica do VE avaliada por fração de ejeção pelo Simpson (p=0,01) e na função diastólica avaliada pela onda E’ do Doppler tecidual mitral (p=0,04). Houve melhora da qualidade de vida no quesito aspectos físicos no grupo EXE (p=0,01). Os pacientes no M0 que não faziam uso de hidroxiureia apresentaram maior infradesnivelamento do segmento ST (p=0,04), e, embora não significante, grande parte desses pacientes apresentou desaparecimento do infradesnivelamento do segmento ST após terem sido submetidos à prática de atividade física (p=0,07). Não houve necessidade de interrupção do exercício por indução de crises de falcização ou piora dos sintomas em pacientes com DF. Conclusão: Os resultados corroboram a hipótese de que a prescrição de exercício físico regular controlado e supervisionado causa impacto favorável na capacidade funcional, função cardiovascular sistólica e diastólica e qualidade de vida dos pacientes com DF. Os pacientes em uso de hidroxiureia também parecem apresentar menos sinais de isquemia do que os pacientes com DF que não fazem uso dessa medicação.