Análise da oscilação postural de crianças prematuras diante de mudanças nos parâmetros do estímulo visual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ribeiro, Aline Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/252124
Resumo: O presente estudo teve como investigar como o sistema de controle postural de crianças prematuras se comporta diante de alterações nos parâmetros de frequência do estímulo visual. Participaram deste estudo 34 crianças (17 prematuras e 17 controle), com idades entre 06 e 08 anos, nascidas prematuras (PT) e crianças com nascimento a termo (AT), pareadas por idade, sexo, peso e estatura. As crianças foram submetidas a uma anamnese e aplicação do Teste de Acuidade Visual (Teste de Snellen), além da mensuração da estatura e o peso corporal. Em seguida, os participantes foram posicionados em pé, em apoio bipodal, sobre uma plataforma de força, dentro de uma “sala móvel”, que movimentou em duas frequências: 0,2 Hz e 0,5 Hz, com diferentes amplitudes (2,0 cm e 0,8 cm, respectivamente), com velocidade de pico constante em 0,75cm/s. Foram realizadas sete tentativas sendo que na primeira tentativa, a sala permaneceu estacionária (sem movimento) e nas demais seis tentativas a sala foi movimentada, sendo realizadas três tentativas em cada condição de frequência: 0,2 Hz e 0,5 Hz. As tentativas foram randomizadas entre as condições de frequência do estímulo visual para ambos os grupos, a fim de evitar efeito de ordem. Foram realizadas análises de variância (ANOVA) one-way para identificar possíveis diferenças na idade e nas variáveis antropométricas (peso, estatura, IMC) entre os grupos de crianças. Posteriormente, a fim de verificar diferenças entre os grupos na magnitude de deslocamento do centro de pressão (COP) foram realizadas ANOVAs two way (2x3) com medidas repetidas, tendo como fatores os grupos de crianças (PT e AT) e as condições de estimulação da sala (sala estacionária, 0,2 Hz e 0,5 Hz). As variáveis dependentes destas análises foram: amplitude média de deslocamento do COP nas direções, AP e ML. Ainda, para verificar diferenças no acoplamento entre informação visual e deslocamento do COP, foram realizadas ANOVAs two way (2x2) com medidas repetidas, tendo como fatores os grupos e as frequências de movimento da sala. As variáveis dependentes destas análises foram: ganho, fase, variabilidade de posição e variabilidade de velocidade. Os resultados indicaram que as crianças PT apresentaram peso (p<0,0001) e estatura (p<0,0001) ao nascer menor do que crianças AT. Houve uma menor amplitude de deslocamento do COP durante a condição de sala estacionária em comparação às condições de movimento da sala, nas frequências de 0,2 Hz (p<0,0001) e de 0,5 Hz (p<0,002) e, também, menor deslocamento do COP, na frequência de 0,5 Hz quando comparada a frequência de 0,2 Hz (p<0,04). Os deslocamentos do COP de todas as crianças foram influenciados pela manipulação do estímulo visual, proveniente do movimento da sala, em ambas as frequências de movimento (0,2 Hz e 0,5 Hz). Valores de ganho não indicaram diferenças entre os grupos e condições (p>0,05). Entretanto, os deslocamentos do COP de todos os participantes apresentaram atrasos em relação ao movimento da sala e este comportamento foi dependente do grupo. Crianças PT apresentaram maior atraso na frequência de 0,5 Hz comparadas às crianças AT (p< 0,02). Além disto, somente crianças PT apresentaram maior variabilidade na frequência de 0,2 Hz comparada à frequência de 0,5 Hz (p<0,0001). Portanto, a partir destes resultados, pode-se concluir que crianças PT apresentam acoplamento entre informação visual e deslocamento do COP similar às crianças AT. Entretanto, elas mostram atrasos temporais entre as informações visuais e os deslocamentos do COP (valores negativos de fase) quando comparadas às crianças AT e maior variabilidade de deslocamento do COP quando submetidas à manipulação das frequências do estímulo visual indicando que alterações no acoplamento entre informação visual e oscilação corporal, que por sua vez, podem estar associadas a alterações nos mecanismos de feedback em função de características comuns do nascimento prematuro tais como déficits no processamento visual e neuromuscular. Estes resultados têm potencial para contribuir na elaboração de programas de reabilitação e acompanhamento à longo prazo de crianças nascidas prematuras.