Detecção sorológica e caracterização molecular de agentes transmitidos por artrópodes em animais selvagens e domésticos na região do Pantanal sul matogrossense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sousa, Keyla Carstens Marques de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/149980
Resumo: As enfermidades transmitidas por artrópodes vêm sendo recentemente estudadas em animais selvagens brasileiros, os quais podem atuar como hospedeiros tanto para os vetores quanto para os patógenos, muitos dos quais apresentam potencial zoonótico. O presente estudo tem como objetivo investigar a ocorrência de agentes transmitidos por artrópodes (agentes Anaplasmataceae, Bartonella spp., mycoplasmas hemotróficos, Rickettsia spp., Hepatozoon spp. e piroplasmideos) em animais selvagens, cães domésticos e seus respectivos ectoparasitos, amostrados na região do Pantanal sul matogrossense, por meio de métodos sorológicos e moleculares. Para tal, 31 Nasua nasua, 78 Cerdocyon thous, sete L. pardalis, 42 cães, 110 roedores e 30 marsupiais foram capturados. Os carrapatos recolhidos (1582) dos animais pertenciam às espécies Amblyomma sculptum, Amblyomma parvum, Amblyomma ovale, Amblyomma tigrinum, Rhipicephalus microplus, Rhipicephalus sanguineus sensu lato e Amblyomma auricularium. Adicionalmente, 80 pulgas Polygenis (Polygenis) bohlsi bohlsi foram recolhidas. Quatorze (17,9%) C. thous, sete (16,6%) cães e um (3,2%) N. nasua mostraram-se soropositivos (títulos≥80) para Ehrlichia canis, com títulos de anticorpos variando de 80 a 1280. Nenhum animal mostrou-se soropositivo Anaplasma phagocytophilum. Nove cães, dois C. thous, um N. nasua, oito roedores, cinco marsupiais e um pool de pulgas P. (P.) b. bohlsi mostram-se positivos para Ehrlichia spp. Todos os cães e o pool de pulgas P. (P.) b. bohlsi positivos para Ehrlichia spp. foram também positivos em para o ensaio em tempo real quantitativo (qPCR) para E. canis, baseado no gene dsb. Sete N. nasua, dois C. thous, um L. pardalis, quatro roedores, três marsupiais, 15 carrapatos A. sculptum, dois A. ovale, dois A. parvum e um pool de larvas de Amblyomma spp. foram positivos para Anaplasma spp. Co-positividade ou co-soropositividade para Ehrlichia spp. e Anaplasma spp. foi observada em dois cães, um N. nasua, um C. thous e dois marsupiais. Trinta e cinco roedores selvagens e três pools de pulgas P. (P.) b. bohlsi, mostraram-se positivos nos ensaios moleculares para Bartonella spp. A análise filogética revelou que pelo menos dois genótipos diferentes estão circulando entre os roedores amostrados no bioma Pantanal. Os resultados parciais sugerem que a pulga P. (P.) b. bohlsi possa estar atuando como um possível vetor de Bartonella nesta região. Vinte e quatro N. nasua, três C. thous, dois cães e um roedor mostraram-se positivos para Mycoplasma spp. A análise filogenética apontou que os cães, C. thous e N. nasua aparentam estar sendo parasitados pela mesma espécie de Mycoplasma spp., filogenéticamente relacionada a M. haemocanis/M. haemofelis e que provavelmente um novo genótipo de Mycoplasma spp. está circulando entre os N. nasua e C. thous amostrados no bioma Pantanal. Vinte e sete (64,2%) cães, 59 (7,6%) C. thous e seis (85,7%) L. pardalis mostraram-se soropositivas para pelo menos uma espécie de Rickettsia. Para 17 (40,4%) cães, 33 (42,3%) C. thous e dois (33,3%) L. pardalis, foram observadas reações homólogas para Rickettsia amblyommatis. Cento e dezesseis carrapatos (93 A. parvum, 14 A. sculptum, três A. auricularim e seis pools de larvas de Amblyomma) e uma amostra de sangue obtida de C. thous, mostraram-se postivas nos ensaios para as espécies de Rickettsia do grupo da febre maculosa. As amostras seqüenciadas obtidas dos carrapatos A. parvum, mostraram-se filogenéticamente relacionadas com 'Candidatus Rickettsia andeanae'. Uma alta ocorrência de Hepatozoon foi encontrada nos carnívoros amostrados (C. thous [91,02%], cães [45,23%], N. nasua [41,9%] e L. pardalis [71,4%]), porém nenhum artrópode mostrou-se positivo. Adicionalmente, 24 roedores e um marsupial também mostraram-se positivos para Hepatozoon spp. Com base na análise filogenética, os C. thous, L. pardalis, N. nasua, cães, roedores e marsupiais aparentam não estar sendo parasitados pela mesma espécie de Hepatozoon spp. Sete cães, um C. thous, cinco L. pardalis, três N. nasua, seis roedores, oito carrapatos A. parvum, dois A. sculptum e um A. ovale mostraram-se positivos para os ensaios PCR de piroplasmídeos. Genótipos filogeneticamente relacionados com Babesia canis vogeli foram detectados em seis cães e cinco roedores. Genótipos filogeneticamente relacionados com Babesia caballi foram detectados em um C. thous, um cão, um carrapato A. ovale e um A. sculptum e genótipos relacionados com Babesia bigemina e Babesia bovis foram detectados em quatro carrapatos A. parvum. Quatro sequências obtidas de A. parvum, três N. nasua e um roedor mostraram-se filogeneticamente relacionadas com Theileria equi. Por fim, Cytauxzoon spp. foi detectado em quatro L. pardalis .O presente trabalho mostra, portanto, a ocorrência de agentes transmitidos por artrópodes vetores em animais selvagens e domésticos no Panatanal sul matogrossense.