Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Martins, Maria Aparecida Vitagliano |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/254507
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Resumo: |
Contextualização: O MRSA (do inglês, methicilin-resistant Staphylococcus aureus), resistente a quase todos os antimicrobianos beta-lactâmicos, é responsável por grande número de infecções de corrente sanguínea (ICS), com alta letalidade. Cepas de MRSA de diferentes linhagens não se restringem mais a seus ambientes de origem, com intercâmbio entre as de origem hospitalar, comunitária e animal. Nas décadas passadas, predominava como causa de ICS nosocomial o clone epidêmico brasileiro, que carreava em seu cromossomo o SSCmec tipo III (Staphylococcal chromosome cassette, type III), associado à resistência a múltiplas drogas, além dos beta-lactâmicos. Estudos recentes indicam a substituição desse clone por outros que carreiam SCCmec II ou IV. A suscetibilidade a antimicrobianos como sulfametoxazol/trimetoprim (SMX/TMP), clindamicina e ciprofloxacino tem sido utilizada como indicador dessa substituição de clones. Objetivo: Identificar alterações epidemiológicas, clínicas e de resistência observadas em ICS por MRSA ao longo do tempo. Método: Nosso estudo foi realizado em duas etapas, ambas através da análise do banco de dados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, pertencente à Universidade Estadual Paulista. Na primeira etapa, ecológica, utilizamos estratégia de análise de séries temporais (Joinpoint Regression) para identificar alterações na tendência da resistência de ICS por MRSA a SMX/TMP, clindamicina e ciprofloxacino, no período de 2005 a 2019. Em um segundo estudo, utilizamos abordagem de base individual para casos de ICS MRSA diagnosticados entre 2012 e 2021: uma análise tipo caso-caso, para identificar diferença nos preditores de ICS por MRSA suscetível versus resistente a SMX/TMP, seguida de um estudo de coorte de fatores associados a óbito em pacientes com ICS por MRSA. Resultados: No estudo ecológico, observamos uma queda abrupta da resistência a SMX/TMP a partir de 2008, com pequeno aumento após 2018. Essa tendência não foi coincidente com aquelas da resistência a clindamicina e ciprofloxacino. No estudo caso-caso, observamos grande similaridade entre pacientes com HA-MRSA resistente ou suscetível a SMX/TMP, sendo os fatores diferenciais pouco relevantes. A mortalidade na coorte esteve associada ao foco pulmonar (HR=2,24; IC95%=1,40-3,57) e de pele/partes moles (HR=2,95, IC95%=1,44-6,07), índice de comorbidades de Charlson (HR=1,15; IC95%=1,08-1,23), doença pulmonar (HR=1,64; IC95%=1,08-2,52) e presença de cateter venoso central (HR=2,08; IC95%=1,23-3,51); a antibioticoterapia apropriada foi associada a menor e mais tardia progressão para óbito (H=0,29; IC95%=0,18-0,48). Não houve impacto da pandemia de covid-19 sobre o prognóstico. Conclusão: Nossos estudos indicam uma mudança na distribuição clonal do MRSA no HCFMB/UNESP, porém sem correspondência, entre o aumento da sensibilidade ao SMX/TMP e diminuição da mortalidade geral entre pacientes portadores de ICS por MRSA e ou por cepas de MRSA sensíveis ao SMX/TMP. Nossos dados estão de acordo com os relatos da literatura que indicam alta taxa de mortalidade entre os pacientes portadores de ICS por MRSA, sugerindo a necessidade de implementação de melhorias nos cuidados de tais pacientes, através da otimização de medidas preventivas (de controle da disseminação do MRSA), diagnósticas (maior presunção) e, principalmente, instituição célere da terapia antimicrobiana adequada (anti-MRSA). |