Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Duarte, Fernando Lacerda Simões [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/136482
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Resumo: |
Esta pesquisa foi estruturada a partir de três problemas: por que os resgates do passado e determinados esquecimentos intencionais que ocorreram na Igreja Católica, no Brasil, entre 1903 e 2013 foram eficientes para sua manutenção? O repertório musical composto e/ou executado no Brasil neste período contribuiu para este processo ou o refletiu? Quais os limites da eficiência deste processo? A fim de respondê-los, recorreu-se à legislação eclesiástica sobre música sacra, publicações e decisões de organismos eclesiásticos especializados no tema, além de fontes musicais recolhidas a diversos acervos. Foi realizada pesquisa de campo em cerca de quinhentas instituições, com pesquisa de fontes em mais de cento e setenta delas. Os dados obtidos foram analisados a partir dos referenciais de memória, esquecimento, tradição e identidade coletiva em Joël Candau, Jacques Le Goff, Pierre Nora, Michael Pollak, dentre outros, e recorrendo às teorias de sistemas sociais complexos em Niklas Luhmann e Walter Buckley – com a adaptação dos tipos weberianos de controle à abordagem sistêmica por este último. Na primeira metade do século XX, a restauração musical católica e a Romanização determinaram uma clara passagem do tipo weberiano tradicional ao racionallegal, implicando uma adequação de ferramentas analíticas: ao invés de modelos pré- composicionais, faz mais sentido pensar o repertório produzido neste período a partir da noção de controle normativo – que se estendeu a aspectos composicionais, interpretativos e relacionais. Com o Concílio Vaticano II, as relações de controle se modificaram, bem como as metas musicais do sistema religioso. Na América Latina, a partir da década de 1970, um discurso dualista em relação ao passado pretendeu o esquecimento das práticas musicais pré- conciliares, buscando inspiração na música popular e em memórias do catolicismo tradicional, e ensejando o desenvolvimento de um repertório brasileiro, associado à canção de protesto. Com João Paulo II e Bento XVI, estas metas musicais passaram por um refreamento, decorrente da política adotada por estes pontífices em relação à Teologia da Libertação. Com isto, outras memórias foram resgatadas com vistas à ênfase do Concílio Vaticano II enquanto continuidade. Os resultados da tese apontam para a coerência entre as memórias musicais resgatadas por especialistas e acadêmicos e os discursos que determinaram as metas do sistema religioso como um todo, enquanto fator de legitimação destas metas. Esta adequação legitimou as metas musicais por meio da tradição e revelou a eficiência do processo. Por outro lado, foi possível observar os limites deste controle: memórias musicais locais, a manutenção de identidades coletivas e de manifestações religiosas tradicionais, necessidades práticas, memórias afetivas, interesses políticos (identidade nacional), econômicos, e principalmente, a capacidade de negociação dos indivíduos e grupos locais em relação às metas do sistema religioso. |