A atividade de coordenação do trabalho na equipe da Estratégia de Saúde da Família: as contradições para a produção do cuidado na atenção psicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Manoel, Rosimeire Aparecida [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/149776
Resumo: Considerando a relevância que os serviços na Atenção Primária à Saúde (APS) assumem no processo de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), convém trazer para o centro da discussão sobre a qualificação desses serviços a atividade de coordenação do trabalho na equipe, considerando o papel operativo desse trabalho na consolidação dessa política. Desse modo, o objetivo desse estudo foi analisar a atividade de coordenação do trabalho na equipe da Estratégia de Saúde da Família em interface com a produção do cuidado em saúde mental, tendo em vista explicitar as contradições para a consolidação da atenção psicossocial na APS. Trata-se de uma pesquisa de campo, cujo referencial teórico é o da Psicologia Histórico-Cultural, fundamentada no Materialismo Histórico e Dialético (MHD). A pesquisa foi realizada em um município de pequeno porte do Estado de São Paulo. Foram convidados a participar dessa pesquisa os trabalhadores atuantes na/junto à rede de atenção primária envolvidos no cuidado em saúde mental. Para a coleta de dados utilizou-se dois instrumentos: questionário para levantamento inicial das atividades relacionadas ao cuidado em saúde mental e grupo focal. Na primeira etapa obteve-se um total de 81 questionários (52 – Unidade Básica com Saúde da Família - UBSF; 01 – Núcleo de Apoio à Saúde da Família - NASF; 02 – Centro de Atenção Psicossocial - CAPS; 05 – Ambulatório de Saúde Mental; 04 - Residência Terapêutica; 12 – Centro de Referência de Assistência Social - CRAS; 05 – Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS). Realizou-se um total de dez encontros com os seis grupos formados (grupo técnico de enfermagem da UBSF; três grupos de Agentes Comunitários de Saúde - ACS; grupo de coordenadoras da Estratégia de Saúde da Família - ESF; grupo com trabalhadores da saúde mental). Com relação ao procedimento de análise dos dados, por referir a uma pesquisa explicativa, o conteúdo da fala torna-se seu principal recurso de análise. Para apreensão dessa realidade lançamos mão das categorias psicossociais consciência e atividade, buscando entender o movimento da consciência dos profissionais da APS que se dá em relação às atividades que eles desenvolvem em interação com a coordenação, com os outros profissionais da equipe e com os serviços da rede psicossocial na produção do cuidado em saúde mental. A análise foi sistematizada dentro da proposta dos núcleos de significação, seguindo em dois movimentos: do empírico ao abstrato e do abstrato ao concreto. Das análises do nosso objeto de estudo emergiram oito núcleos de significação: 1) A coordenação da equipe como “elo de ligação”; 2) O trabalho da equipe está centrado no médico; 3) Os tipos de vínculos de trabalho e seus impactos na rotatividade dos trabalhadores; 4) O cuidado em saúde mental exige tempo, escuta e vínculo; 5) Do reconhecer ao fazer frente às necessidades psicossociais: o sofrer e o pensar profissional; 6) ESF: porta de encaminhamento e medicação; 7) A distante, desconhecida e inexistente rede de atenção psicossocial; 8) As limitações e potencialidades da atividade do ACS para a atenção psicossocial. A partir da análise dos núcleos foram identificadas contradições históricas já conhecidas no processo de trabalho da ESF (generalista/especialista; encaminhar/referenciar; quantitativo/qualitativo e ter/não ter poder), ao mesmo tempo em que possibilitaram um avanço ao desvelar algumas particularidades, especialmente, quando inserido no cenário do cuidado de saúde mental em interface com a rede (trocador/prescritor; passar/responsabilizar; atender/acolher), recorte que nos permitiu compreender sob qual perspectiva de cuidado se assenta o trabalho na APS – o do modelo biomédico. A compreensão dos determinantes que estão por trás do processo de materialidade desse modelo, possibilita apontar para a necessidade de uma ressignificação na concepção da atividade de coordenação na ESF tanto nas políticas, buscando por sua valorização e qualificação de sua atuação como na significação dos profissionais, a fim de ampliar a concepção de cuidado dentro de uma perspectiva psicossocial, bem como possibilitar a grupalização e articulação das ações da equipe no caminho da humanização e integralidade do cuidado.