Conhecimento e utilização de instrumentos de coordenação do cuidado: experiências de médicos da Atenção Primária à Saúde no município de Niterói/RJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lacerda, Raphaela Silva Tavares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28434
Resumo: A presente dissertação teve como objetivo central analisar e caracterizar a coordenação dos cuidados à partir da visão de médicos da Atenção Primária à Saúde (APS) , com vistas a qualificar e a fortalecer as Redes de Atenção à Saúde (RAS). Os objetivos específicos foram: avaliar se médicos da APS e da Atenção Especializada (AE) conhecem e utilizam mecanismos de coordenação do cuidado; analisar a experiência e a percepção sobre a coordenação da informação e gestão clínica entre níveis; e identificar características laborais, organizacionais, de atitude ante o trabalho e de interação relacionadas com a coordenação do cuidado. Foi realizado estudo transversal nas Unidades do Programa Médico de Família (PMF) do município de Niterói por meio da aplicação do instrumento COORDENA-BR® – “Questionário de articulação/coordenação entre os níveis de atenção” – a 51 médicos do PMF entre 2021 e 2022. Os resultados indicaram que os médicos da APS reconheciam a importância da coordenação da informação clínica, ainda que esta não ocorresse. Os profissionais não apontaram problemas de coerência da atenção entre níveis e confiavam nas habilidades clínicas dos médicos da AE. No sentido contrário, havia ausência de indicação de seguimento pela APS por parte dos pares da AE e falta de comunicação. O acesso à AE era mediado por longos tempos de espera, o que não se percebia em relação às consultas na APS. As causas da repetição de exames indicaram problemas de fluxo informacional decorrentes da precária informatização da RAS. A supervisão de área era reconhecida como estratégica para facilitar a coordenação. O envio da referência foi recorrente, enquanto o recebimento da contrarreferência, residual e conduzido pelos usuários. Havia percepção de falta de reconhecimento pelos médicos da AE da centralidade da APS na RAS e desconhecimento da necessidade de acompanhamento longitudinal nos territórios. Destacou-se a alta frequência de recebimento do resumo de alta. Não eram realizadas sessões clínicas compartilhadas. O uso dos protocolos clínicos era alto, sobretudo para casos mais complexos. Os vínculos laborais eram precarizados ou temporários, e não havia cumprimento das 40 horas pela maioria, que se mostrava insatisfeita com o trabalho, mas não com os salários. A manutenção de vínculos concomitantes com a rede privada era praticada por quase metade dos médicos da APS. Os resultados indicam a impotência de os médicos da APS exercerem a coordenação do cuidado pela insuficiência de condições materiais, tecnológicas, organizacionais, ou aquelas relacionadas com valores e representações relativas ao cumprimento do seu papel na RAS. De toda forma, há reconhecimento da relevância do contato interprofissional como facilitador da coordenação, sendo este um campo que necessita de recursos e valorização das gestões municipais.