Diálise peritoneal não planejada versus planejada como tratamento inicial de pacientes incidentes em terapia renal substitutiva crônica: comparação de complicações e desfechos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Amaral, Marcela Lara Mendes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/190972
Resumo: Diálise urgent start acontece em 60% dos pacientes incidentes no Brasil, o que implica em altas taxas de uso do cateter venoso central (CVC) e maior morbidade destes doentes. Poucos serviços oferecem a diálise peritoneal (DP) crônica com inicio urgente. Objetivo: Comparar os resultados de um programa de DP planejada versus não planejada quanto às complicações mecânicas e infecciosas associadas à DP, à sobrevida da técnica e dos pacientes, às taxas de hospitalização e descrever o impacto no crescimento do programa de DP. Método: Estudo prospectivo obsevacional que avaliou pacientes incidentes em DP planejada e não planejada em hospital universitário do interior de São Paulo, no período de julho/2014 a dezembro/2017. Foram incluídos no estudo pacientes com DRC estadio 5 que iniciaram tratamento dialítico peritoneal conforme indicação médica, divididos em dois grupos: Grupo 1 (G1): DP de início planejado – pacientes seguidos por nefrologista previamente à indicação de tratamento renal substitutivo (TRS) há mais de 90 dias e com início da DP após pelo menos 7 dias do implante do cateter peritoneal, com treinamento familiar prévio e adequação do domicílio. Grupo 2 (G2): DP de início não planejado – pacientes não seguidos por nefrologistas ou seguidos há menos de 90 dias previamente à indicação de TRS e/ou com início da DP antes de 7 dias após o implante do cateter peritoneal, sem treinamento familiar prévio em relação ao método ou adequação do domicílio. Resultados: Incluídos 58 pacientes em DP planejada (G1) e 113, em DP não planejada (G2). Não houve diferença quanto às características basais dos dois grupos em relação a idade, sexoe presença de diabetes. No entanto, houve diferença entre os grupos quanto à presença de 2 ou mais comorbidades e valores iniciais de albumina, hemoglobina e fósforo. Uremia foi a principal indicação de diálise em ambos os grupos. Não houve diferença entre os grupos quanto à Infecção de Orifio de Saída ( IOS) (20,69 x 23,89%, p=0,394), peritonite (27,58 x 38,93%, p=0,095), mudança para HD (31,03 x 38,93%, p=0,198) e óbito (17,24 x 23,89%, p=0,212). Houve diferença entre os grupos quanto às complicações mecânicas, especificamente quanto ao extravasamento e às internações hospitalares, que foram mais frequentes no grupo DP não planejada (18,96 x 34,51%, p=0,025; 0 x 13,27%, p= 0,009 e 20,68 x 37,16%, p=0,020 respectivamente). Os tempos livres para complicações mecânicas, peritonite e IOS foram maiores no grupo DP planejada (288,91 ± 156,96 vs. 182,06 ± 93,49 p=0,02; 241,05 ± 116,23 vs.164,65 ± 138,77 p=0,02 e 291,22 ± 135,68 vs 175,63 ± 150,00 p= 0,05). A análise de regressão de Cox identificou como fatores associados às complicações mecânica a idade (p=0,01) e o menor valor de albumina (p= 0,008); às peritonites a presença de IOS (p=0,04) e de complicação mecânicas (p=0,018); à mudança para HD a menor idade (p=0,025), a presença de complicação mecânica (p=0,001), o DM (p=0,003) e a peritonite (p= 0,001) e os fatores associados ao óbito foram a idade (p=0,009) e menores valores de albumina (p= 0,008). Em 48 meses, o crescimento do programa de DP foi de 208%. Conclusão: A sobrevida do método e dos pacientes em DP de início não planejado foi semelhante à DP planejada, enquanto o tempo livre para as complicações mecânicas e infecciosas foi maior no grupo DP planejada.