Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Silva, Nathani Cristina da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/255255
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Resumo: |
O vírus Zika é um teratógeno humano recentemente reconhecido, e as consequências clínicas desta infecção pré-natal no desenvolvimento da prole de mães infectadas ainda estão sendo delineadas. Os casos mais graves compõem a chamada Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ), na qual os bebês apresentam, ao nascimento, microcefalia com alterações cerebrais, além de alterações oftalmológicas, musculares, articulares, entre outras. Como o surto da infecção ocorreu no nordeste brasileiro em 2015, as crianças que sobreviveram estão agora na faixa etária de 7 a 8 anos, e seu acompanhamento é essencial para a descrição do curso temporal da Síndrome. Para avançarmos na compreensão do fenótipo e no desenvolvimento de abordagens terapêuticas para crianças afetadas pela Síndrome Congênita do Zika Vírus, propusemos um estudo longitudinal focado em duas importantes características do neurodesenvolvimento: a linguagem e o sono. Nosso objetivo foi investigar suas trajetórias ao longo do tempo e suas possíveis inter-relações, visando contribuir para um melhor entendimento da condição e para aprimorar as estratégias de intervenção. Metodologia: Participaram desta pesquisa 93 bebês e crianças, de ambos os sexos, cujos dados foram coletados em mutirões semestrais realizados desde 2016 no Instituto Caviver (Fortaleza-CE). Em cada seção desta tese, está descrito o número de crianças avaliadas em cada faixa etária para atingir cada um dos três objetivos. O desenvolvimento da linguagem foi avaliado por meio da Escala de Aquisições Iniciais de Linguagem (ELM) e das Escalas Bayley de Desenvolvimento do Bebê e da Criança Pequena – 3ª edição (Bayley III); a qualidade do sono, por meio do Breve Questionário sobre Sono na Infância (BQSI) e da Escala de Distúrbios de Sono em Crianças (EDSC). Resultados: 100% das crianças no grupo etário de 12 a 36 meses apresentaram habilidade auditiva expressiva e receptiva abaixo do esperado para a idade cronológica. Todas as crianças responderam à presença de sons, mas apenas 2,4% foram capazes de acatar ordens simples. Não houve correlação significativa entre perímetro cefálico e linguagem em nenhuma faixa etária. Ao comparar as habilidades de linguagem da ELM entre os diferentes grupos, não houve melhora no desempenho das crianças nos grupos etários mais avançados. Quanto aos dados da Bayley III, foram encontradas diferenças na comunicação receptiva, com melhora entre 19-24 meses e 25-30 meses, e piora no desempenho entre 25-30 meses e 31-36 meses. Houve diferença significativa na habilidade cognitiva, com pior desempenho entre 12-18 meses e 19-24 meses, e melhor desempenho entre 19-24 meses e 25-30 meses. Na habilidade motora fina, houve diferença entre 19-24 meses e 25-30 meses, representando discreta melhora no desempenho motor. Já na habilidade social, a diferença encontrada foi entre 25-30 meses e 31-36 meses, o que representa diminuição das habilidades sociais nesta faixa etária. Em relação à análise qualitativa da duração do sono, aproximadamente 80% das crianças apresentaram tempo total de sono abaixo das diretrizes recomendadas. A análise longitudinal dos parâmetros de sono não revelou diferenças significativas entre as crianças nos quatro grupos etários examinados. As análises de correlação revelaram que, de zero aos 12 meses de idade, há uma relação negativa entre a habilidade auditiva expressiva e o horário de dormir, assim como com os despertares noturnos, e uma relação negativa entre a habilidade visual e os despertares noturnos. As análises de correlação mostraram que a linguagem expressiva e receptiva apresentou relação com outras habilidades do neurodesenvolvimento. Não foram encontradas correlações entre os dados de sono do BQSI e as habilidades de linguagem a partir da Bayley III. Conclusões: As crianças com SCZ chegaram aos 36 meses de idade com um desempenho nas escalas de desenvolvimento de linguagem equivalente a uma faixa etária de 2 a 3 meses. Não houve evolução nos parâmetros da linguagem receptiva e expressiva durante os primeiros 36 meses de idade. Não houve evolução nos parâmetros de sono durante os primeiros 36 meses de idade. Quanto mais tarde o horário de dormir e quanto maior o número de despertares, pior foi a habilidade auditiva expressiva das crianças. Quanto mais tempo a criança demorou para dormir e quanto menor a duração do sono, pior a habilidade auditiva receptiva. Quanto maior a duração do sono, melhor foi o desempenho na habilidade visual. |