Espelhos negros: signos da escatologia na literatura machadiana e na série Black Mirror

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Perassoli Júnior, Claudio Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191415
Resumo: A presente tese apresenta uma análise comparada entre signos escatológicos, ou seja, relativos à morte, presentes nos contos de Machado de Assis e nos episódios da série televisiva Black Mirror. Amparado pelos preceitos conceituais da Semiótica Interpretativa e pelo modelo metodológico enciclopédico-cognitivo de Umberto Eco, este trabalho apresenta, a princípio, uma discussão teórica realizando um recorte crítico sobre o autor brasileiro e sobre a tipologia das narrativas seriadas audiovisuais contemporâneas, a fim de respaldar o traquejo analítico empreendido. A proposta central desta pesquisa é confrontar processos de elaboração sígnica os quais envolvam questões tanatológicas em oito narrativas: Nosedive e O Espelho, White Bear e A Causa Secreta, San Junipero e A Segunda Vida, e Be Right Back e Um Esqueleto, do programa britânico e da literatura machadiana, respectivamente. Tal labor reflexivo reconhece a inserção dessas produções em um continuum sígnico, situando-as como expressões das mentalidades de seus tempos em vias escatológicas. Para concatenar tais percepções, esta tese forja o pensamento enciclopédico esboçado pelo semioticista italiano, lançando-se na escavação das representações da morte, do paraíso e as atitudes humanas diante do esgotamento da vida desde a Antiguidade Clássica até os dias atuais, por vieses históricos, culturais e sociais, permitindo que se crie um panorama-arcabouço acerca desses signos no decorrer dos tempos e suas ressonâncias. Por fim, a análise comparada manuseia semioses dispostas em cronologias, em códigos e em estruturas diferentes. Entretanto, explicitam-se pontos de confluência entre essas produções e, principalmente, os seus diálogos constantes, uma vez que apontam, ambos os agrupamentos de narrativas, para processos e mentalidades semelhantes, quando não consequentes reverberações no seio da sociedade ocidental, regida pelos preceitos do capitalismo industrial. No atual contexto tecnológico-digital, a morte torna-se assunto presente em diversos meios, ao passo que os indivíduos, consciente ou inconscientemente, a ojerizam, criando um paradoxo. Para compreender tal circunstância, assim, esta tese esboça, auxiliada por preceitos da Sociologia, da Psicologia e da História, o reflexo do homem e das dinâmicas sociais contemporâneas por meio da comparação entre os contos do escritor fluminense e os episódios da série, tomando-os como signos especulares da vivência humana do século XIX aos dias hodiernos.