Estruturas discoides na Formação Cerro Negro (Grupo La Providencia), Argentina e suas implicações para a paleontologia de macrorganismos pré-cambrianos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Inglez, Lucas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154176
Resumo: A Formação Cerro Negro, Grupo La Providencia (Região das cidades de Olavarría e Barker, Argentina), compreende uma sucessão siliciclástica marinha com idade ediacarana. A unidade é composta por uma intercalação de pelitos e arenitos ricos em estruturas microbialmente induzidas (MISS), depositada sob influência de tempestades em ambiente de inter- a inframaré. Nesse contexto, camadas de evento de arenitos finos a muito finos, ricos em estruturas de deformação por sobrecarga apresentam em seu topo centenas de estruturas discoides preservadas como relevo completo (epirelevo positivo + endorelevo + epirelevo negativo). Os discos densamente distribuídos no acamamento ocorrem como protuberâncias centimétricas (5 – 140 mm) de epirelevo liso em oposição a sua superfície inferior radialmente enrugada e marcada por uma depressão central. Tais feições, juntamente com a distribuição de frequências de tamanho e presença de deformação mútua de indivíduos em contato lateral levaram a interpretação dos discos como tafomorfos do plexus Aspidella. Entretanto, os contextos sedimentares e tafonômicos das estruturas discoides ornamentadas (EDO) argentinas, bem como sua morfologia interna complexa, impedem sua associação direta com o registro de macrobiotas em outras unidades ediacaranas. Assim, de modo a elucidar a gênese e preservação das ED em termos de sua natureza biótica ou abiótica, foi proposta a aplicação de uma série de técnicas analíticas, tais como: 1) contagem e medições sistemáticas das estruturas em campo, observando a distribuição de classes de tamanho em distintas populações de discos, 2) secção e escaneamento de slabs de rocha, de modo a acessar suas feições internas, 3) análise secções delgadas ao microscópio óptico e eletrônico de varredura (MEV), 4) análise por microtomografia computadorizada (Micro-CT), compondo modelos tridimensionais das estruturas. Assim, o uso combinado de diferentes técnicas permitiu discutir as EDO diante de duas hipóteses alternativas, HA-I e II, as quais compreendem: I- Uma origem biológica, de acordo com a qual, perturbações em subsuperfície seriam produzidas por uma comunidade infaunal produzindo tubos verticais simples (icnofósseis tipo-Skolithos), que podem ou não culminar em discos horizontalmente radiados (icnofósseis tipo-Asterosoma). II – Uma natureza abiótica, implicando nos discos como produtos da ascensão de sedimento fluidificado interagindo com o substrato microbialmente estabilizado. Tal hipótese explica a correlação entre os discos e as feições de liquidificação observadas, o que lhe confere maior poder de síntese. Além do mais, a HA-II independe do rompimento de paradigmas biológicos e paleontológicos, sendo compatível com a interpretação presente na literatura para ocorrências semelhantes. Dessa forma, conclui-se que as EDO sejam estruturas problemáticas, com gênese provavelmente associada a processos de fluidificação e injeção de sedimentos em interação com substratos bioestabilizados, caracterizando assim um pseudofóssil.