Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Gobo-Oliveira, Mariele |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/152570
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Resumo: |
O prurido urêmico é uma complicação frequente em pacientes renais crônicos, com impacto na qualidade de vida. Sua etiopatogênese é multifatorial e as evidências para o tratamento com emolientes, anti-histamínicos orais e drogas de ação no sistema nervoso central, como a gabapentina, são limitadas. Objetivos: 1- verificar a prevalência de prurido urêmico e seus fatores associados; 2- avaliar a eficácia na redução do prurido urêmico com a terapia tópica com cold cream após 15 dias e 3-comparar a eficácia e segurança da gabapentina versus dexclorfeniramina na redução do prurido urêmico em um período de 21 dias. Métodos: A pesquisa foi realizada entre abril de 2014 a fevereiro de 2016. Inicialmente para atender ao objetivo 1, foi realizado estudo transversal e prospectivo com pacientes em hemodiálise (etapa 1). Os dados foram obtidos por meio de prontuário eletrônico e pela aplicação de questionário estruturado. Os pacientes que relataram prurido foram convidados a participar da etapa 2 para atender ao objetivo 2, sendo este uma série de casos com seguimento longitudinal não-comparativo, no qual os pacientes receberam cold cream para uso por 15 dias. Foram avaliados a intensidade do prurido através da Escala Visual Analógica (EVA), qualidade de vida (DLQI), número de topografias corporais afetadas, período do prurido e relatório de efeitos adversos. Ao final desta fase, para atingir o objetivo 3, os pacientes (60) que ainda se queixavam de prurido de qualquer intensidade iniciaram a etapa 3, onde foram randomizados, para receber gabapentina 300 mg 3 vezes por semana (grupo GABA) ou dexclorfeniramina 6mg a cada 12 horas (grupo DEX) por 21 dias em ensaio clínico randomizado, controlado, duplo-cego, paralelo. O desfecho primário foi a diminuição do escore do prurido estimado por EVA e melhora do DLQI após os tratamentos. A análise dos dados foi realizada no software IBM SPSS 22.0, sendo considerado significativo valor de p<0,05. Resultados: Na fase 1 foram incluídos 164 pacientes e o prurido foi relatado por 64 (39%). Na análise multivariada, creatinina elevada foi fator de risco para o prurido (RP=1,09 IC95% 1,00 a 1,19; p=0,048) assim como níveis baixos de hemoglobina (RP =0,85 IC95% 0,73 a 0,99; p=0,043). Dislipidemia (β =1,52 IC95% 0,12 a 2,91; p=0,03), obesidade (β =2,40 IC95% 1,03 a 3,78; p=0,001), níveis altos de proteína C reativa (PCR) (β =0,26 IC95% -0,19 a 0,34; p<0,001) e pacientes de cor negra (β =1,50 IC95% 0,42 a 2,58; p<0,006) se relacionaram com a maior intensidade do prurido. O uso de dialisador de alto fluxo, se relacionou com menor intensidade do prurido (β =-1,69 IC95% -3,05 a -0,34; p=0,01). Na fase 2, foram incluídos 71 pacientes (T0) para receber cold cream. Houve redução de 37,5% na mediana da EVA do prurido de 8 (6-10) para 5 (2-7) (p<0,01); assim como de 33,4% na mediana do número de topografias afetadas 3 (2-9) para 2 (1-3) (p<0,01). A mediana dos escores de DLQI apresentou queda de 50%: 4 (2-8) para 2 (1-3) (p<0.01), assim como para a duração do prurido (p<0.01). Nove (12%) dos pacientes apresentaram resolução completa do sintoma. Cinco pacientes (7%) apresentaram alguma queixa, sendo um do mau odor do produto, e quatro acharam o produto oleoso. Não houve nenhum evento adverso local ou sistêmico relacionado ao produto. Sessenta pacientes mantiveram prurido ao final da fase 2 e foram incluídos na fase 3, 30 no grupo GABA e 30 no grupo DEX. Houve redução dos índices de prurido em ambos os grupos (p<0,01), sem diferença entre eles (p>0,7): EVA (T15-T36) reduziu mediana (p25-p75) de 5 (4-8) para 2 (0-3) no grupo GABA e de 5 (3-7) para 1 (0-2) no grupo DEX. O DLQI reduziu mediana (p25-p75) de 2 (1-3) para 1 (0-1) no grupo GABA, e de 2 (1-4) para 0 (0-1), no grupo DEX. Dezenove pacientes (32%) relataram efeitos colaterais leves/moderados, sem diferença entre os grupos, sendo sonolência o mais comum. Conclusões: Prurido urêmico tem alta prevalência em pacientes hemodialíticos e nossos dados sugerem que quanto maior o valor de creatinina e o menor valor de hemoglobina, maiores os riscos para o seu desenvolvimento. Dislipidemia, obesidade, níveis mais altos de proteína C-reativa, foram associados com maior intensidade de prurido, assim como o uso de dialisadores de alto fluxo se relacionaram com menor intensidade do prurido. O prurido urêmico foi reduzido com uso tópico de cold cream e, adicionalmente, com gabapentina ou dexclorfeniramina, com boa segurança, sem diferença entre os tratamentos. |