Literatura e ditadura, entre a casa e a rua: ecos de resistência nos romances "O pardal é um pássaro azul" de Heloneida Studart e "Tropical sol da liberdade" de Ana Maria Machado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Mello, Evelyn Caroline de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154502
Resumo: Minha proposta no presente trabalho é analisar os romances O pardal é um pássaro azul (1975) de Heloneida Studart e O tropical Sol da Liberdade (1987) de Ana Maria Machado e suas relações com o Período da Ditadura Militar Brasileira, (1964-1985), uma vez que o primeiro romance foi escrito durante os Anos de Chumbo (1968-1974), e o segundo foi escrito durante o período de abertura política e publicado em tempos de democracia. Nesse ínterim, problematiza-se como se dá nos romances a recomposição de traços da sociedade brasileira da época e se há resistência aos padrões sociais e políticos que se estabeleceram no país -, análise, esta, feita à luz das teorias sobre o romance como fruto do protesto contra regimes ditatoriais, conforme discutidas por estudiosos, tais como, Regina Dalcastagnè, Eurídice Figueiredo e Renato Franco -, e, igualmente, procura-se analisar a resistência como estética e parte integrante dos romances de acordo com Alfredo Bosi e Theodor Adorno. Também se verifica se as características estéticas que permitem o diálogo entre romance e sociedade formam um ponto de vista diferenciado, uma vez que se trata de romances cuja autoria é de mulher. Para discutir tal questão, são postos em diálogo a análise dos elementos estéticos dos romances e seu referente contexto histórico, à luz dos estudos das linhas teóricas feministas que apontam a escrita de mulher como um elemento político para a reavaliação das condições de gênero em sociedade, tais como o fazem Kate Millet, Pierre Bourdieu, Simone de Beauvoir, Heleieth Saffioti e Elaine Showalter. Portanto, embasam-se os estudos propostos em duas grandes linhas teóricas: a teoria do romance engajado e a teoria feminista, levando-se em conta a questão da mulher em consonância com a questão histórica que é vivenciada por ela como pensadora ativa de seu tempo, possibilitando a afirmação de que a condição da mulher, abordada nos romances, não se dissocia da (re)construção da sociedade brasileira, formando um discurso femidesarticulador, no sentido de contestar o patriarcado e suas construções ideológicas. Cada uma das autoras escolhidas pertence à loci culturais distintos e, por isso, traçam a figura feminina e suas crises existenciais de forma diferentes: o romance de Studart parte do arcaísmo social de uma cidade do Rio Grande do Norte, sendo a autora cearense, ciente, portanto, das mazelas pelas quais passava a mulher nordestina em uma sociedade retrógrada; já Machado parte de sua realidade, a cidade do Rio de Janeiro, palco de grandes manifestações contra o Regime e cuja realidade de cidade grande já oferece outro tom na proposição de problemas referentes à figura da mulher, tais como a desintegração da família e a recusa dos papéis tradicionais da mulher.