A expansão dos ginásios oficiais e o campo político no estado de São Paulo (1947-1963)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Diniz, Carlos Alberto [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151891
Resumo: O Estado de São Paulo contava com apenas três ginásios públicos de ensino secundário até 1930: o da Capital, o de Campinas e o de Ribeirão Preto. A partir da década de 1930 se iniciou um processo de expansão da rede de estabelecimentos secundaristas, que se acentuou extraordinariamente após o fim da ditadura Vargas com o restabelecimento do Poder Legislativo e, por conseguinte, da ação dos deputados estaduais que viam na escola secundária uma grande oportunidade política, o que acarretou o aumento do número desses estabelecimentos de ensino para 474 ginásios públicos nas mais diversas localidades paulistas entre 14 de março de 1947 e 31 de janeiro de 1963, ou seja, em 04 governos: o de Adhemar Pereira de Barros; o de Lucas Nogueira Garcez; o de Jânio da Silva Quadros; e o de Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto. Sob um prisma quantitativo, esse processo de expansão iniciado na década de 1930 era algo impressionante e inédito até então na história da educação brasileira, sobretudo pela ação incisiva dos deputados estaduais, uma vez que a sistemática de criação de escolas, instituída no final da década de 1940, passava pela promulgação de lei aprovada na Assembleia Legislativa do Estado. No âmbito da historiografia da educação paulista pode-se afirmar que há uma lacuna a ser preenchida referente às ações e estratégias adotadas pelos Poderes Executivo e Legislativo estadual em torno da expansão da rede de estabelecimentos de ensino secundário que se instaurava nesse período. Com o objetivo de realizar um estudo da expansão dos ginásios oficiais no Estado de São Paulo no período supradito, com base na análise do campo político, pretendo nesse trabalho verificar como se davam as relações entre os parlamentares e seus partidos políticos com o Poder Executivo Estadual e/ou líderes políticos locais no que tange à criação de ginásios oficiais em municípios paulistas, e como tais relações interferiam na política educacional do Estado de São Paulo. Para responder à problemática levantada, recorri à Nova História Política, além do trabalho de Pierre Bourdieu sobre a noção de campo, que me proporcionaram os subsídios necessários para enveredar na análise documental da legislação educacional, das mensagens dos governadores do Estado de São Paulo, dos projetos de lei que tramitaram na ALESP no período já citado, além dos relatórios dos censos realizados pelo IBGE e sinopses estatísticas do ensino secundário. As fontes utilizadas nesse estudo me permitiram concluir que a criação e implantação de ginásios oficiais no Estado de São Paulo não obedeceu a critérios educacionais, mas sim meramente políticos. Logo, o que se poderia chamar de política educacional, nesse caso, se resume a um jogo político, no qual a educação era tida como uma moeda de troca extremamente valiosa que possibilitava a seus jogadores o prêmio da sua permanência no poder. Ou seja, a expansão do ensino secundário do Estado de São Paulo nesse período atendeu aos interesses pessoais dos agentes políticos envolvidos nesse campo a partir do atendimento das reivindicações da população, sobretudo das camadas médias e populares, dentre as quais a escola ginasial ocupava um espaço de destaque dado o seu valor simbólico. De todo modo, não resta dúvida que a realização de estudos em torno da expansão do ensino secundário no Estado de São Paulo ocorrida em meados do século XX nos possibilita compreender o papel que a escola secundária exercia na sociedade em geral, além de proporcionar a reconstituição da história da educação brasileira, sobretudo no que se refere às questões pouco investigadas na historiografia da educação paulista, como as que estão sendo abarcadas nesta tese.