Desenvolvimento e validação de escala de rastreamento de renúncia à vida no idoso não institucionalizado

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Silva, Sabrina Piccinelli Zanchettin
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Idoso; Depressão; Suicidio; Escala de avaliação comportamental; Avaliação geriátrica; Aged; Depression; Suicide
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/218034

OBJETIVO: Construir e avaliar as propriedades psicométricas da escala de rastreamento de renúncia à vida do idoso não institucionalizado. MÉTODO: Trata-se de pesquisa metodológica e translacional, com geração de conjunto de itens a partir de dois modelos teóricos decorrentes de análises qualitativas, por Teoria Fundamentada nos Dados, de experiências de dois grupos amostrais de idosos na comunidade, feminino e masculino, com depressão, baixo apoio social e cognição preservada, sinalizando-os entre dimensões de segurança e risco de renúncia à vida. Para a construção do instrumento, seguiram-se as etapas: (1) determinar claramente o que se pretende medir; (2) gerar conjunto de itens iniciais; (3) determinar o formato para medição; (4) dispor do conjunto de itens iniciais, revisado por especialistas; (5) considerar a inclusão de itens validados; (6) submeter conjunto de itens a uma amostra de participantes; (7) avaliar os itens. Para análise dos itens, empregaram-se as validades de conteúdo e de face, primeiro por comitê de juízes especialistas, seguido de pré-teste com a população-alvo. Utilizou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) para avaliar a concordância entre opiniões dos juízes. Para análise das propriedades psicométricas, aplicou-se a escala a 300 idosos dos municípios do estado de São Paulo, das regiões de Bauru e Marília, São Paulo, Brasil, no período de setembro a novembro de 2020. Utilizou-se Análise Fatorial Confirmatória (AFC) para aferir a validade de constructo e obteve-se a validade de critério por correlação entre a Escala de Rastreamento de Renúncia à Vida no Idoso e a Escala de Depressão Geriátrica, quanto à sensibilidade e à especificidade, por Curva ROC. Para avaliar a confiabilidade da escala, empregou-se o coeficiente alfa de Cronbach e o Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC). Mediu-se a estabilidade do instrumento através do teste-reteste e a Teoria de Resposta ao Item (TRI) para análise de cada item. RESULTADOS: Partiu-se de escala do tipo Likert com 81 itens, agrupados em três dimensões (autogovernabilidade; comprometimento com a saúde; engajamento com o projeto de vida), decorrentes de pesquisa qualitativa com a experiência de idosos(as) adscritos à Unidades Saúde da Família, rastreados com estado cognitivo preservado, depressão moderada a grave e baixo apoio social. Essa primeira versão foi submetida à análise do painel de especialistas que, juntamente com cálculo de IVC e submissão da escala ao pré-teste com 43 idosos, reduziu-a a 53 itens, ou seja, redução de 28 itens, tipo Likert com três opções de resposta, organizados em duas dimensões. A aplicação dessa versão da escala para uma amostra de 300 idosos possibilitou a exclusão de 27 itens por meio da AFC, a partir do critério de carga fatorial padronizada < 0,4. Após, optou-se por manter o instrumento com uma ou duas dimensões. Conferiram-se propriedades psicométricas da escala: Ômega de McDonald de 0,902; Coeficiente alfa de Cronbach de 0,90, com estabilidade temporal (ICC de 0,80), em relação à escala de Depressão Geriátrica, a área sob a curva encontrada foi de 0,797, com especificidade de 0,68 e sensibilidade de 0,80, no melhor ponto de corte encontrado – 35. A TRI evidenciou que os itens têm bom coeficiente de discriminação ao modelo, com exceção dos itens, 18, 24 e 25, sendo o item 7 com maior índice. Mostrou também que todos os itens têm aderência ao modelo. DISCUSSÃO: As propriedades psicométricas da escala de renúncia à vida no idoso apontam para uma ferramenta consistente e viável, que poderá promover avanços na assistência à saúde das pessoas idosas e da equipe de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS). Reitera-se a importância de mais estudos que possam validar as propriedades psicométricas, para consolidação da escala na atuação profissional na APS. Ressalta-se que a escala proposta se destina a idosos residindo na comunidade, não podendo considerar os resultados apresentados em outras populações. CONCLUSÃO: Apesar de ainda requerer outras pesquisas para validar as propriedades psicométricas e a confiabilidade da escala, tal estudo é pioneiro para a prevenção de suicídio de idosos na comunidade, por instrumentalizar a equipe de saúde da APS para o rastreamento (busca ativa) daqueles em situação de renúncia à vida, dando-lhes oportunidade de acesso a tratamentos e cuidados no âmbito da saúde mental.