Impactos e resistências no processo de estrangeirização de terras em Rio Brilhante (MS): o caso dos projetos de assentamentos federais São Judas, Margarida Alves, Silvio Rodrigues e do território indígena Laranjeira Ñanderu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Buscioli, Lara Dalperio [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/149810
Resumo: O processo de estrangeirização de terras deve ser analisado a partir da sua dimensão histórica e refere-se ao arrendamento e/ou compra de empresas/grupos estrangeiros em outros países. Este processo foi intensificado a partir da crise de 2007/2008 quando ocorreu um aumento da procura de terras para produzir commodities gerando conflitos e impactos territoriais, mesmo com o discurso embasado no crescimento econômico, na sustentabilidade, na geração de emprego e na segurança alimentar dos países alvos deste processo. Neste trabalho, discutimos o processo de estrangeirização de terras no estado do Mato Grosso do Sul, com foco no município de Rio Brilhante no que tem uma produção expressiva de cana-de-açúcar e territorialização do grupo francês Louis Dreyfus Commodities (LDC). Este processo gera conflitos territoriais nos assentamentos de reforma agrária por meio da luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e no território indígena Laranjeira Ñanderu pertencentes aos Guarani-Kaiowá. Os impactos causados pelo processo de estrangeirização nestes territórios estão vinculados à: 1) produção de alimentos – com a perda da produção camponesa e indígena devido à pulverização do agrotóxico utilizado nas lavouras de cana-de-açúcar; 2) ambiental – com a intoxicação do solo/águas devido à pulverização e a morte da fauna/flora do território; 3) saúde – relacionadas aos problemas respiratórios, gastrointestinais e de envenenamento/intoxicação destes sujeitos; e por fim, 4) dificulta o processo de demarcação do território indígena e realização da reforma agrária, bem como nos modos-de-vida. Diante de tais questões, estes sujeitos organizaram formas de resistências para continuarem nestes territórios: os indígenas com ações de retomada territorial e consolidação com o acampamento-tekoha Laranjeira Ñanderu; com sua cultura reproduzindo seus ritos, crenças e costumes dando caráter e sentido ao seu território; e manifestações com bloqueios de vias de acesso. Já os camponeses resistem com produção e comercialização para o Programa de Aquisição de Alimentos e feiras nos municípios de Maracajú e Rio Brilhante; com seu trabalho familiar e coletivo nos lotes; com suas manifestações e reuniões com o objetivo de impedir a entrada da LDC nos assentamentos por meio da sua produção e do tráfego de seus caminhões.