Influência do regime alimentar sobre o metabolismo, excreção e osmorregulação de jovens de Tubarão Bambu (Chiloscyllium punctatum) em diferentes salinidades.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Rafael Silva dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153003
Resumo: Elasmobrânquios marinhos são reconhecidamente ureotélicos, ou seja, sintetizam, retém e excretam preferencialmente ureia como produto do metabolismo do nitrogênio, mantendo os seus fluídos corpóreos iso-osmóticos, ou ligeiramente hiper-osmóticos, em relação ao meio externo. Assim, o alto requerimento por nitrogênio nesses animais, tanto para o crescimento quanto para a manutenção de sua estratégia ureosmótica, pode tornar os elasmobrânquios limitados pela disponibilidade de alimento. O presente estudo buscou avaliar o efeito do regime de alimentação e da aclimatação a salinidade reduzida sobre respostas fisiológicas e bioquímicas relacionadas ao metabolismo e excreção de nitrogênio em jovens de tubarão bambu (Chiloscyllium punctatum). Para tanto, foram determinados as formas preferenciais de excreção de nitrogênio (amônia_N e ureia_N), consumo de oxigênio, coeficiente de nitrogênio, níveis plasmáticos de compostos nitrogenados (amônia e ureia), principais osmólitos (proteínas totais, [Na+], [Cl-]; osmolaridade total) e glicose em jovens C. punctatum aclimatados em salinidade 32 e 20ppm, e mantidos sob regime regular de alimentação (2-3% da biomassa) e privação alimentar por 7 dias. Nossos resultados evidenciaram que a ureia é a principal excreta nitrogenada nos jovens de tubarão bambu mantidos em ambos os regimes de alimentação e em ambas as salinidades testadas. Após a alimentação os animais em 32ppm aumentam significativamente a excreção de nitrogênio na forma de amônia, efeito não observado nos animais mantidos à 20ppm. No entanto, nos animais aclimatados a salinidade reduzida houve um aumento quantitativo na excreção total de nitrogênio dos animais, particularmente nos jovens C. punctatum mantidos em jejum, como visto pelas taxas aumentadas de excreção de amônia e ureia. Tanto o regime de alimentação quanto a aclimatação a baixa salinidade não influenciaram a taxa de consumo de oxigênio dos animais. O coeficiente de nitrogênio evidenciou que o metabolismo aeróbico dos jovens de tubarão bambu, em ambas as salinidades testadas, é altamente dependente da oxidação de proteínas e aminoácidos, tal como observado para outras espécies de elasmobrânquios. Nos animais em 32ppm foi observado um aumento do catabolismo de proteínas relacionados a estratégia de conservação de nitrogênio pelos animais, particularmente para síntese de amônia, enquanto em 20ppm foi observado um aumento do anabolismo associado a síntese proteica e de ureia pelos animais. A aclimatação a salinidade reduzida promoveu a redução da osmolaridade e das concentrações de ureia e cloreto plasmático nos jovens de C. punctatum, sugerindo que esses animais apresentam a capacidade de regular a concentração desses osmólitos nos fluidos internos a fim de manterem seu equilíbrio osmótico com relação ao meio externo. Em conjunto nossos resultados indicam que em menores salinidades os jovens de C. punctatum são fortemente limitados pelo aporte de nitrogênio via alimentação para a manutenção de sua estratégia ureosmótica, e que longos períodos sob privação alimentar em salinidades baixas podem influenciar negativamente a capacidade osmorregulatória e a retenção de nitrogênio pelos animais.