“Quem foi o pilantra que disse isso?”: análise dialógica do discurso da linguagem marginalizada em ambiente escolar.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Justiniano, Marcelo da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/183279
Resumo: O presente trabalho apresenta uma reflexão crítica do panorama discursivo das práticas enunciativas em ambiente escolar envolvendo os agentes interlocutores desta esfera. A pesquisa se desenvolveu por meio de análise bibliográfica e observações em escolas públicas de ensino fundamental I (1° ao 5° ano) na região do grande ABC/SP. Assumindo uma perspectiva dialógica de linguagem e uma abordagem dos gêneros discursivos visto em Bakhtin, a hipótese consistia em defender que as práticas enunciativas neste ambiente obedecem uma ordem contrária ao processo intrínseco da linguagem: o dialogismo. Deste modo verificamos na literatura e nas observações em escolas públicas uma prática educativa em que o discurso do opressor se sobrepunha a voz do oprimido, calando-o e moldando-o de acordo com a visão de mundo da classe dominante. Esta hipótese foi confirmada em diferentes práticas enunciativas, trazendo para o campo da reflexão crítica, situações que percorrem a simples produção textual realizada pelo aluno, suas interações com professores e as práticas textuais realizadas pelos próprios professores tanto na modalidade oral quanto na escrita. Verificamos que o ensino de Língua Portuguesa ainda é pautado pela prática mecanicista de ensino de gramática e que a visão e experiência de mundo trazido pelas crianças de regiões periféricas são barrados do lado de fora dos muros das escolas. Além disso, a própria prática pedagógica do professor é corrompida e moldada por um discurso pedagógico liberal e pelos processos burocráticos contrários as práticas progressistas e emancipatórias. Por fim, o trabalho propõe uma abordagem de ensino de Língua Portuguesa sob um viés dialógico, apresentando conceitos que possam contribuir para a formação de um sujeito crítico e reflexivo. Deste modo, alinhamos a base dialógica de linguagem com a pedagogia dos multiletramentos, o sociointeracionismo linguístico, o ensino de Língua como prática social e os gêneros discursivos como fundamentais para o processo de formação do aluno. Estes conceitos, para além de um projeto de intervenção momentânea de ação educativa, sugerem uma nova proposta de trabalho e postura do professor em relação ao entendimento e ensino de linguagem, principalmente para esta etapa de ensino (fundamental I) em que a formação do professor de Língua Portuguesa não está relacionada com sua formação específica na área em questão.