Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Bufalo, Felipe Soares [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
eng |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/193671
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Resumo: |
Primatas executam diariamente uma série de decisões acerca de quando, para onde e por que se mover. No entanto, pouco sabemos sobre quais são os fatores mais influentes no processo de decisão em primatas e, portanto, responsáveis por moldar rotas diárias, principalmente em pequenos fragmentos. Neste estudo buscamos entender quais aspectos sociais e ambientais influenciaram o processo de planejamento de rotas do frugívoro-insetívoro mico-leão-preto (BLT) em um remanescente de Mata Atlântica de 100 ha. Previmos que os locais de frugivoria seriam o principal fator para o direcionamento de rotas. Ainda, esperávamos que os limites físicos da área fossem fatores importantes para a condução de rotas diárias. Seguimos um grupo de BLT por 42 dias completos entre março e agosto de 2019, totalizando 379,9 horas de observação. Registramos a localização e os comportamentos do grupo através de amostragens de varredura a cada cinco minutos, bem como todos os eventos de alimentação, long calls e encontros entre grupos. Determinamos a distribuição espacial das espécies de frutos e dos locais de frugivoria usados mensalmente através de índices de agregação R, além das distâncias médias entre os indivíduos de cada espécie. Também determinamos, para cada mês, as distâncias médias entre locais aleatórios dentro da área utilizada e locais de frugivoria (empty space distances). Dividimos a área utilizada entre fronteira do território, área central e borda do fragmento e comparamos o uso entre elas. Aplicando o change point test em rotas diárias, identificamos os locais de mudanças significativa de direção, ou change points (CPs), e avaliamos o comportamento grupal associado a cada CP. O grupo utilizou uma área de 46,8 hectares e se deslocou, em média, 1773 m ( 461 m) por dia. Frugivoria e locomoção foram os comportamentos mais frequentes (29,9% e 29,8% das varreduras, respectivamente), seguidos de forrageio com 25,3%. Os encontros entre grupos ocorreram em um a cada 4 dias. Espécies de frutos apresentaram distribuições agrupadas, embora a distância média entre locais de frugivoria seja de 33,4 m ( 22,8 m). Os frutos consumidos com maior frequência corresponderam a plantas densamente distribuídas na área e disponíveis durante a maior parte do estudo, acessíveis, portanto, a curtas distâncias, independentemente do mês e do local. Encontramos um total de 55 CPs. Locomoção foi o comportamento mais frequente associado a CPs (34,54%), seguido de forrageio (25,45%) e frugivoria (12,7%). Embora a variação entre medianas não tenha sido significativa (p = 0,756), encontramos uma maior proporção diária de CPs na fronteira do território (0,021 ± DP 0,05 CPs / pontos de localização), seguida pela borda do fragmento (0,018 ± DP 0,03) e área central (0,008 ± DP 0,01). Nossos resultados indicam que, embora os frutos representem um item importante na dieta de BLTs, locais de frugivoria não parecem direcionar as rotas no fragmento estudado. Por outro lado, estar em um fragmento impõe limites estruturais e possível maior competição intraespecífica, responsáveis por obrigar mudanças de direção e consequentemente explicar maior densidade de CPs próximos às bordas (borda do fragmento e fronteira do território). Em conclusão, enquanto estudos anteriores em áreas maiores apontam locais de alimentação como o principal fator direcionando as trajetórias de primatas, nosso estudo sugere que o processo de planejamento de rotas pode depender do contexto. |