Re-existir: o lugar de Deus na crítica e na ficção de 1930

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Coelho, Elisa Domingues [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214976
Resumo: A produção literária de 1930 vem sendo estudada a partir de uma perspectiva que se filia à tradição crítica modernista e associa a divisão da prosa em duas vertentes à polarização ideológica, consolidando, portanto, dois grandes campos político-literários: o tema social, alinhado à esquerda, o religioso à direita. Tal percepção esquemática e dividida do campo literário a partir de uma simbiose tão profunda entre política e literatura impõe à crítica contemporânea duas tarefas essenciais: delimitar o que há de literário e extraliterário na nossa chave de leitura do decênio de 30 e, em seu desdobramento, identificar e entender as lacunas que revelam o que a associação da literatura à orientação política de esquerda ou de direita tanto não explica quanto mascara o que houve de propriamente literário na conformação do paradigma de 1930. Inserido nessa perspectiva revisionista da crítica modernista, este estudo parte de um movimento historiográfico de localizar e discutir a origem, na coesão político-literária, da divisão na ficção e da polarização nos juízos críticos, estabelecendo, para isso, diálogo com as discussões levantadas por Luís Bueno (2006), em sua análise de O Gororoba (1931), de Lauro Palhano, e Cássia dos Santos (2001), em seu estudo sobre a recepção crítica da obra de Lúcio Cardoso, para, então, encaminhar a investigação por um dos polos da divisão político-literária que persiste lacunar, aquele que se nomeou por “católico”, tanto na crítica quanto na ficção. No estudo do exercício crítico dos autores católicos, a questão norteadora trata-se da investigação dos ideólogos d’A Ordem, Jackson de Figueiredo e Tristão de Ataíde, e do poeta Murilo Mendes para o entendimento da proposição da intelectualidade católica para a literatura e se ela se configura como uma perspectiva religiosa una ou plural. Em conseguinte, a análise dos romances católicos que compõem o nosso corpus, Maria Luísa (1933), de Lúcia Miguel Pereira, e Sob o Olhar Malicioso dos Trópicos (1929), de Barreto Filho, estrutura-se a partir de movimento análogo ao desenvolvido no estudo metacrítico dos primeiros capítulos e busca na origem da polarização na ficção, a que dividiu o romance de 30 em dois grandes temas, uma proposição analítica que não seja estruturada pela tematização enquanto principal categoria crítica. Para tanto, parte-se do diálogo entre a ficcionalização do impasse frente ao adiamento da utopia (BUENO, 2006) e a tensão enquanto dado primário de eixo interno da narrativa (BOSI, 1995) para uma hipótese de leitura da ficção enfocada na composição do texto literário, analisando como a estruturação da focalização e a voz narrativa conformam perspectivas de elaborações ficcionais distintas de personagens que traçam seu caminho pelos dilemas entre os princípios da moral religiosa e o estar no mundo.