Avaliação da eficiência da insensibilização de bovinos para o abate com uso de pistolas pneumáticas de dardo cativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Oliveira, Steffan Edward Octávio [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150581
Resumo: O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador mundial de carne bovina do mundo e, em 2013, foi responsável por mais de 20% do comércio mundial, exportando 18,5% das 9,67 milhões de toneladas de carne bovina produzidas ao longo do ano (USDA-FAS, 2014). No entanto, a preservação desta posição está sujeita à continuidade das inovações científicas e tecnológicas em todos os setores da cadeia, as quais são responsáveis pela manutenção dos padrões de qualidade (FERRAZ & FELICIO, 2010). Além disto, existe ainda uma preocupação ética e moral dos países consumidores como Japão, Estados Unidos e a comunidade europeia com os métodos utilizados para o abate destes animais. Desta maneira, a tendência é que o mercado de carne se torne cada vez mais exigente quanto a certificação de que os animais foram abatidos de acordo com os métodos humanitários, o que, segundo a Instrução Normativa 17, Nº 3, de 17 de Janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2000), é definido como um conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantem o bem-estar dos animais desde a recepção, insensibilização até o momento da sangria. A insensibilização é considerada a etapa mais crítica do abate de bovinos (ROÇA, 2002), cujo objetivo principal é o de promover a rápida inconsciência do animal, estado esse que deve ser assegurado até o momento da sangria, minimizando a dor e o sofrimento dos animais (GREGORY, 1998). O uso de pistolas de dardo cativo para insensibilização de bovinos é o método de eutanásia mais comum em abatedouros (FINNIE 1997), o qual pode ser realizado por meio de mecanismos penetrantes ou não-penetrantes (BLACKMORE e DELANEY, 1988). Os princípios básicos por trás de sua operação são os mesmos para ambos os métodos e envolvem a transferência de energia cinética do dardo para o cérebro (FAROUK, 2013). No entanto, há diferenças em relação a como esses métodos devem insensibilizar o animal. Pistolas de dardo cativo não-penetrante causa rápida aceleração angular da cabeça após o impacto de um dardo mais largo contra o crânio do animal. As forças de aceleração/desaceleração proporcionam elevados valores de força cinética (momentum), de rotação e de cisalhamento à cabeça e ao cérebro, mas a energia cinética transmitida ao cérebro é relativamente baixa (OMMAYA et al., 2002). Nos quadrúpedes, os eixos do cérebro e da medula espinhal são paralelos. Este neuraxis quase linear pode impedir a ação de forças rotacionais após o atordoamento com dardo cativo não-penetrante e tornar o animal muito menos vulnerável à concussão (FINNIE, 2001). Além disso, o cérebro destes animais é melhor protegido do que o dos humanos por músculos temporais bem desenvolvidos e grandes seios frontais (SUMMER et al., 1995). Em contrapartida, com o dardo cativo penetrante, o movimento da cabeça é reduzido, o que se deve à menor área da cabeça atingida por um dardo de menor diâmetro, fornecendo alta energia cinética focal e baixa força cinética contra o crânio (OMMAYA et al., 2002). A intenção é induzir uma forma profunda e irreversível de concussão (GREGORY et al., 2007), uma vez que há destruição de tecido cerebral na cavidade permanente produzida pelo dardo, a qual é circundada por uma zona hemorrágica (FINNIE, 2016). A avaliação da eficiência do atordoamento é geralmente feita por meio da observação de comportamentos e sinais físicos que indiquem a profundidade da concussão (função cerebral), como, por exemplo, o colapso imediato do animal após o disparo (TERLOUW et al., 2016), ausência de reflexo de córnea (STURGES, 2005) e ausência de respiração rítmica (GREGORY, 2007). A combinação destes e outros indicadores pode confirmar ou não o estado de insensibilidade do animal. Como afirmado por Gibson et al. (2015), a insensibilidade é causada por uma combinação de danos diretos ao cérebro e pela quantidade de energia cinética transmitida à cabeça do animal. A energia cinética transmitida através do dardo depende da sua massa e é diretamente proporcional ao quadrado de sua velocidade. Dörfler et al. (2014) observaram que ao disparar com pistolas de dardo cativo acionados por cartucho de explosão, apenas um terço ou no máximo metade da energia potencial do cartucho é transformado em energia cinética do dardo (uma vez que parte de sua energia potencial é provavelmente desperdiçada como energia térmica quando o cartucho é disparado). Por outro lado, pistolas pneumáticas usam ar comprimido como energia potencial quando a arma é disparada, o que evita que a energia seja desperdiçada em forma de calor, tal como ocorre com pistolas acionadas por cartuchos. Assim, o nível de pressão de ar na câmara de ar destas pistolas antes do disparo pode afetar a velocidade do dardo, a quantidade de energia cinética transmitida à cabeça do animal e, consequentemente, a eficiência do atordoamento. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência dos métodos penetrativo e não-penetrativo de insensibilização de bovinos para o abate com o uso de pistolas pneumáticas de dardo cativo.