Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Miranda, Paulo Agenor [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/214656
|
Resumo: |
Esta tese investiga a poética musical do compositor Luciano Berio (1925-2003) visando explorar a plurivalente relação entre a escritura do mestre italiano e seu ideário político humanista e de clara matiz esquerdista. Iluminamos tal programa ético-composicional beriano pelo prisma da obra Coro, seu magnum opus da década de 1970 e que denuncia uma atmosfera de terror incitada pela violência fascista naqueles anos notavelmente inóspitos à democracia. Na primeira parte do trabalho, constituída por três capítulos, situamos inicialmente a problemática do engajamento artístico mobilizada por alguns intelectuais marxistas do século XX. Apontamos em Berio uma contraposição à noção restritiva de obra de arte engajada que se identifica apenas ao conteúdo ideológico explícito da criação, ideia falaz que daria vazão a uma reificação ou “eugenia” do ofício de compor. Dessarte, enfrentamos o discurso sobre compromisso na poética beriana pela formatividade (ou formação) específica de sua obra, cujo constructo artístico vincula-se sobretudo aos conceitos de obra aberta e de pensamento serial, esse último enquanto um prolongamento do método a um modelo arquetípico de pensamento. Posteriormente, centramos as discussões na prática da tradução (ou transcrição) musical vivamente presente na obra de Berio, princípio que ressalta sua escritura como o exercício de uma linguagem de linguagens, um Texto pelo qual passam outros textos. Reconhecemos que esse ímpeto tradutor beriano é impregnado de profunda vocação ética proveniente do seu entendimento da música enquanto território do contato intercultural, da hospitalidade linguística e do encontro com a alteridade. Ao final da primeira parte, discorremos sobre a relação de Berio com as práticas musicais populares e com os estudos etnomusicológicos, revelando sua aderência ao pensamento de Antonio Gramsci e às políticas culturais do Partido Comunista Italiano. Versamos ainda sobre um grito de população na poética beriana, a fim de esclarecer o modo pelo qual o compositor defrontou-se com a invenção de um Povo sonoro em tempos de violência totalitária. Na segunda e terceira partes do trabalho, os sedimentos de um programa ético-político beriano recaem e se desdobram na escritura de Coro por meio de uma investigação minuciosa do seu processo genético-composicional. Analisamos a obra e os meandros de sua criação em um percurso de especulação espiralado e transtextual mediante entrelaços e proliferações das discussões anteriormente empreendidas. Nosso estudo amparou-se em uma pesquisa in loco no acervo da Paul Sacher Stiftung (Basileia, Suíça), fundação que abriga a coleção de manuscritos e demais documentos originais de Luciano Berio. |