Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Muknicka, Sérgio Gabriel [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/151187
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Resumo: |
Este estudo tem por finalidade analisar a personagem feminina em contos dos livros Il paradiso (1970) e Boh (1976) do autor italiano Alberto Moravia (1907-1990), escritor romano que concebeu sua obra tanto em prosa (contos, novelas e romances) como em peças de teatro e em roteiros cinematográficos. Ademais, outro objetivo precípuo da pesquisa foi a tradução na íntegra de treze contos destas coletâneas, porquanto não há traduções para o português brasileiros deste corpus. Como embasamento teórico, utilizaram-se as questões convocadas por Gérard Genette em Discours du récit (2007), por Lilia Crocenzi em La donna nella narrativa de A. Moravia (1964) e por Antonio Candido em A personagem de ficção (1987). É imprescindível ressaltar que, em todos os contos, as personagens femininas são narradoras autodiegéticas (GENETTE, 1972). Estas obras foram escolhidas, pois seus contos trazem à tona questões fulcrais no que diz respeito à poética moraviana. Como exemplo, pode-se citar a lassitude do indivíduo frente à realidade vivida, o corpo como mercadoria e objeto de consumo, o fetichismo de objetos, a hipocrisia social, o sexo, a revolta e a angústia existencial. As personagens protagonistas dos contos escolhidos debatem-se até o último momento para tentar lidar com as situações intrincadas de suas vidas. Entretanto, ao fim e ao cabo, tudo é reduzido a uma visão de mundo apática e desencantada. Por meio da convencionalização (CANDIDO, 1987), Moravia conseguiu expor a psicologia nevrótica de suas protagonistas, retratando-as como figuras cínicas e distantes. A linguagem, simples e desprovida de ornamentos tanto linguísticos quanto estruturais, é reflexo disso. Acredita-se, todavia, que o tom de oralidade, às vezes bastante marcado nos contos, pode ser lido como a confissão elegíaca dessas personagens que desfrutam da posição privilegiada – embora não totalmente confiável – dum narrador autodiegético que, por meio da focalização interna fixa (GENETTE, 1972), pode ficcionalizar à vontade suas histórias por meio do discurso em primeira pessoa. Ressalta-se que o uso desse recurso faz com que toda a narração fique subordinada à visão do próprio narrador. Ao longo das narrativas, observou-se que o autor transferiu seu pensamento intelectual para a personagem feminina (MAURO apud ASOR ROSA, 2001) que, refletindo sobre si mesma, lucubra acerca das mazelas da existência humana. Diferentemente das personagens de obras de fôlego do autor, como Mariagrazia de Gli indifferenti (1929) ou Cecilia de La noia (1960), as personagens destes contos não mais aparecem para dar apoio à figura do intelecual masculino, mas fazem-se ouvir por meio de suas próprias narrações, expondo seus dramas de forma bastante teatralizada. |