A família Bacillariaceae (Bacillariophyceae) no estado de São Paulo: levantamento florístico

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Lehmkuhl, Elton Augusto
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Diatomáceas; Taxonomia; Ficoflora; Água doce; Algas; Diatoms; Taxonomy; Freshwater; Algae
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/183425

O estudo objetivou o inventário taxonômico dos gêneros, espécies e variedades taxonômicas da família Bacillariaceae presentes no Estado de São Paulo. A família Bacillariaceae compreende as diatomáceas com fíbulas na região interna da valva e frústula longilínea dos tipos fusiforme ou mais ou menos alongado, linear, lanceolado assimétrico, sigmoide, panduriforme ou elíptico. As estrias são lineares, uni ou bisseriadas e paralelas entre si na maioria das espécies. Os polos podem ser rostrados, capitados, obtusos, apiculados ou arredondados. A família é constituída por 18 gêneros que podem ocorrer em ambientes marinhos, estuarinos ou de água doce, sendo Nitzschia Hassal o mais especioso de todos. No Estado de São Paulo foram realizados estudos de cunho ecológico para os quais foram identificados 17 táxons em nível infragenérico e outros 13 em nível gênero. Entretanto, nenhum estudo sobre a taxonomia das Bacillariaceae foi realizado no Estado. O presente estudo contribui para o levantamento florístico das diatomáceas do Estado de São Paulo e serve de molde para realização de estudos congêneres em outros estados brasileiros. As análises foram realizadas utilizando amostras depositadas no Herbário Científico do Estado “Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo” (SP) do Instituto de Botânica. Estas amostras vêm sendo coletadas desde 1960 e representam a essência da pesquisa. O plâncton foi coletado pelo arrasto subsuperficial de rede cônica confeccionada com tecido de náilon com malha de abertura de 20 μm. O perifíton foi amostrado pelo espremido manual de vegetais submersos e/ou coleta de plantas inteiras para posterior raspagem em laboratório. Houve também raspagem de rochas submersas usando canivete ou lâmina de barbear. Amostras provenientes do sedimento superificial (± 2 cm superficiais) também foram obtidas. Todas as amostras foram coletadas em duplicata e fixadas no momento da coleta utilizando solução aquosa de formalina a 3-5%; e os dados pertinentes à coleta registrados (localidade da coleta, nome do coletor e data da coleta). Utilizou-se o método de oxidação de Hasle e Fryxell e Naphrax como meio de inclusão para o preparo das lâminas permanentes do material de estudo. A identificação foi realizada a partir da análise de populações, sempre ao menor nível taxonômico possível, utilizando trabalhos clássicos e atualizados que contivessem descrições e/ou imagens dos táxons da família em foco. Os materiais identificados foram registrados em fotografia através de microscópio óptico equipado com câmera-clara digital e têm sua descrição detalhada e obtida a variação métrica. Das 219 amostras analizadas, foram inventariadas 41 espécies pertencentes à família Bacillariaceae, sendo que dos 4 gêneros identificados, Nitzschia foi o que apresentou a maior quantidade de táxons (31), seguido por Tryblionella e Hantzschia com três espécies cada e Grunowia com duas espécies. Novos registros para o Estado de São Paulo somam 15 e são: Grunowia tabellaria (Grunow) Rabenhorst, Nitzschia acicularis (Kützing) W.Smith, Nitzschia acidoclinata Lange-Bertalot, Nitzschia clausii Hantzsch, Nitzschia reversa W.Smith, Nitzschia dissipata (Kützing) Rabenhorst, Nitzschia intermedia Hantzsch, Nitzschia ligowskii Lange-Bertalot, Kociolek & Brzezinska, Nitzschia nana Grunow, Nitzschia palea (Kützing) W.Smith var. tenuirostris Grunow, Nitzschia pseudofonticola Hustedt, Nitzschia subacicularis Hustedt, Tryblionella coarctata (Grunow) D.G.Mann, Tryblionella debilis Arnott ex O’Meara e Tryblionella victoriae Grunow. O novos registros para o Brasil somam dois: Grunowia solgensis (A.Cleve) Aboal e Nitzschia umbonata (Ehrenberg) Lange-Bertalot. Para o gênero Hantzschia foi possível identificar dois materiais ao nível gênero e o mesmo aconteceu para dois materiais do gênero Nitzschia. Foram registradas duas espécies novas para a ciência, Nitzschia australodesertorum Lehmkuhl, T.Ludwig & C.Bicudo e Nitzschia pusilluhasta Lehmkuhl & C.Bicudo. Será proposta uma emenda taxonômica e um neótipo para Nitzschia amphibia Grunow. Nitzschia palea foi a espécies mais frequente, ocorrendo em 135 unidades amostrais. Apenas cinco amostras não apresentaram exemplares da família Bacillariaceae. Estão disponíveis neste trabalho o total de 40 pranchas contendo 1073 figuras de diatomáceas representantes da família Bacillariaceae.