O gênero Cosmarium Corda ex Ralfs (Desmidiaceae, Zygnematophyceae) no estado de São Paulo: levantamento taxonômico das formas com parede celular decorada

• Ano de defesa: 2016
• Autor(a) principal: Biolo, Stefania [UNESP]
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Biodiversidade; Desmídias; Ficoflora; Taxonomia; Brasil; Biodiversity; Algalflora; Desmids; Brazil
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/142826

As algas verdes conjugantes (Zygnematophyceae) apresentam extrema beleza estética dada à diversidade morfológica e a complexa simetria das células de seus espécimes representantes, o que tem atraído a atenção de pesquisadores por mais de 200 anos. A taxonomia clássica das desmídias baseada na morfologia das células vegetativas e na decoração da parede celular ainda provê informação taxonômica útil e importante em um contexto aplicado e crítico. Um dos gêneros mais antigos e também o mais rico taxonomicamente, Cosmarium Corda ex Ralfs, conta com mais de 1.500 táxons já descritos incluindo espécies, variedades e formas taxonômicas. Como continuidade dos esforços encetados para o conhecimento da biodiversidade algal do Estado de São Paulo complementou-se, no presente estudo, o inventário florístico das espécies, variedades e formas taxonômicas de Cosmarium, desta vez com ênfase nos exemplares que possuem parece celular decorada. O material analisado consistiu em 124 amostras tombadas no acervo do Herbário Científico do Estado “Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo” (SP) do Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, provenientes de 104 municípios. Adicionalmente, os materiais em literatura anteriormente publicados e passíveis de reidentificação também foram incluídos. Foram identificados 98 táxons de Cosmarium ocorrentes no Estado de São Paulo, sendo dois apenas em nível gênero e os demais em níveis específico e infraespecífico, dos quais 37 são variedades não-típicas de suas respectivas espécies e 10 formas taxonômicas igualmente não típicas, porém, de suas variedades. Quatro expressões morfológicas não nomeadas podem consistir novas variedades à Ciência. Destes registros, 21 são citados pela primeira vez para o Estado de São Paulo e 24 para o Brasil. Os táxons mais bem distribuídos foram Cosmarium punctulatum Brébisson var. punctulatum (ocorrente em 37 municípios), C. subspeciosum Nordstedt var. subspeciosum (35 municípios), C. blyttii Wille var. blyttii f. blyttii (34 municípios) e C. margaritatum (P.Lundell) J.Roy & Bisset var. margaritatum f. margaritatum (31 municípios). O presente estudo elevou a distribuição geográfica e o conhecimento de Cosmarium no Estado de São Paulo para 81 municípios, face aos 11 até então constantes em literatura. Adicionando um considerável número de descrições e trazendo à luz cinco formas que podem consistir novas variedades e espécies à Ciência, a presente pesquisa demonstrou a profunda importância dos levantamentos taxonômicos para o conhecimento da biodiversidade. Ademais, colaborou para o fortalecimento da taxonomia clássica para as algas desmidiáceas, com base na análise morfológica de material vegetativo, visto que formas reprodutivas sexuadas não foram encontradas em todas as amostras examinadas. A taxonomia do gênero Cosmarium continua extremamente complicada e jamais foi realizada uma avaliação criteriosa das características morfológicas para definir quais são diacríticas e quais diagnósticas. Mesmo os estudos filogenéticos estribados nas ferramentas da biologia molecular ainda não solucionaram a taxonomia do gênero no âmbito cladístico. Definir critérios que permitam um esquema sistemático lógico do gênero Cosmarium ainda não foi possível. Desta forma, sugere-se manter a atual composição de espécies, variedades e formas taxonômicas e providenciar descrição e ilustrações bem detalhadas e informativas para cada uma.