Associação entre a manutenção da prática esportiva e os parâmetros inflamatório, metabólicos e cardiovasculares entre adolescentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cayres-Santos, Suziane Ungari
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/185354
Resumo: Objetivo: Analisar a associação entre a manutenção da prática esportiva e os parâmetros inflamatório, metabólicos e cardiovasculares entre adolescentes. Métodos: Estudo de 12 meses de seguimento, dados provenientes do estudo intitulado “Analysis of Behaviors of Children During Growth” (ABCD Growth Study) conduzido em Presidente Prudente, SP. Por meio de amostragem por conveniência foram selecionadas instituições de ensino e clubes esportivos da cidade de Presidente Prudente e região. Destas instituições, após a aprovação dos diretores e técnicos, foram convidados para participar do ABCD Growth Study todos os adolescentes com idade entre 11 e 18 anos. Na primeira fase do estudo, 285 adolescentes aceitaram participar, destes 259 (esportistas n=168; não esportistas n= 91) completaram as avaliações iniciais. Após 12 meses, 189 adolescentes permaneceram no estudo (124 esportistas e 65 não esportistas). Prática esportiva foi autorrelatada. Proteína C reativa (PCR) foi dosada por meio do método de imunoensaio de ponto fixo química seca. Espessura médio-intimal das artérias carótida e femoral e variáveis dopplerfluxométricas foram avaliadas por meio de um aparelho de ultrassonografia. Adiposidade corporal foi estimada pela densitometria óssea. Colesterol total (CT), lipoproteínas de alta (HDL-c), baixa (LDL-c) densidade, triacilglicerol (TG) e glicose foram mensuradas pelo método de inibição seletiva, química seca. A insulina foi analisada pelo método de quimioluminescencia e a resistência a ação da insulina foi calculada. Pressão arterial e frequência cardíaca de repouso foram aferidas pelo método oscilométrico utilizando um aparelho automático. Idade cronológica, sexo, maturação biológica foram tratados como fatores de confusão. Para análises longitudinais foi calculada a mudança absoluta (Δ), e estes valores foram inseridos em um escore padronizado. Inicialmente foi empregada análise de variância (ANOVA) e covariância (ANCOVA) a fim de verificar a média das variáveis separadas por grupos, e posteriormente ajustadas por fatores de confusão. Além disso, foi testada a associação entre a prática esportiva e os desfechos por meio da correlação de Pearson. A relação significativa foi inserida no modelo de mediação. Resultados: A gordura de tronco não mediou a relação entre a prática esportiva e PCR. No entanto, um efeito direto do esporte sobre a PCR foi encontrado quando considerado o engajamento prévio na modalidade (meninos: β= - 0,00295; IC95%= -0,004 a -0,001 e meninas: β= -0,00384; IC95%= -0,006 a -0,001]), bem como a frequência (β= -0,06165; IC95%= -0,090 a -0,032) e o volume dedicado ao esporte (β= -0,00020; IC95%= -0,0003 a -0,00007) entre os meninos. Após 12 meses, adolescentes engajados em esportes classificados como baixa demanda da capacidade cardiorrespiratória apresentaram significativa diminuição no CT (Δ= -8,2 mg/dL; IC95%= -13,1 a -3,4), LDL-c (Δ= -4,4 mg/dL; IC95%= -8,2 a -0,6), e TG (Δ= - 11,3 mg/dL; IC95%= -19,4 a -3,3) quando comparado com os adolescentes não engajados em esportes. Por outro lado, adolescentes engajados em esportes com elevada demanda da capacidade cardiorrespiratória apresentaram significativo aumento nos níveis séricos da HDL-c (Δ= 1,2 mg/dL; IC95%= -0,5 a 3,0) quando comparado com o grupo não esportista (Δ= -2,4 mg/dL; IC95%= -4,4 a -0,5). Além disso, independentemente dos ajustes, nós encontramos significativas mudanças para os seguintes parâmetros: CT (p=0,029), HDL-c (p=0,002), LDL-c (p= 0,002), TG (p=0,017) e HOMA IR (p= 0,005). Adolescentes não obesos engajados em esportes com maior demanda da capacidade cardiorrespiratória foi o único grupo com significante melhora para HDL-c (2,57 mg/dL [IC95%: 0,50 a 4,65]), no qual foi significativamente mais elevada quando comparado aos demais grupos. Somado a isto, adolescentes não obesos engajados em esportes com baixa demanda da capacidade cardiorrespiratória (-1,49 [IC95%: -2,90 a -0,07) e elevada demanda da capacidade cardiorrespiratória (1,25 [IC95%: -2,44 a -0,07) apresentaram singnificante diminuição no escore z metabólico quando comparado ao grupo não engajado em esportes (1,37 [IC95%: 0,14 a 2,60]) e obeso esportista [1,93 [IC95%: 0,42 a 3,44]). Conclusão: Tempo prévio e o volume semanal de envolvimento com o esporte apresentaram inversa relação com a proteína C reativa, sem efeito mediador da gordura de tronco. Além disso, prática esportiva parece ser benéfica para desfechos metabólicos entre adolescentes, principalmente para o perfil lipídico. Além disso, prática esportiva parece ser efetiva para melhorar parâmetros metabólicos entre adolescentes não obesos, enquanto que parâmetros cardiovasculares para ser menos sensível a este efeito. Somado a isto, a demanda da capacidade cardiorrespiratória relacionada ao esporte parece afetar significativamente os parâmetros metabólicos.