O processo de in/exclusão na licenciatura em Física: incursão nos caminhos trilhados pelo ambiente educacional e por um estudante cego em direção à (não) superação da deficiência visual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Marcela Ribeiro da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/213484
Resumo: Esta tese analisa o processo de inclusão de um estudante cego na licenciatura em Física de uma universidade federal localizada no Sudeste brasileiro. Foi realizado um estudo retrospectivo que teve como propósito identificar e compreender os elementos que constituíram tal processo, mais especificamente: os caminhos trilhados por tal estudante e pelo ambiente educacional, delimitado aos seus colegas, monitor, docentes e coordenadores do curso e do núcleo de acessibilidade, no que concerne às suas crenças, atitudes, aos recursos didáticos, às metodologias e estratégias de ensino; as relações entre o ensino comum e os apoios específicos ofertados àquele estudante, e suas implicações para o seu processo de inclusão no curso. As teorias histórico-cultural e do modelo social da deficiência fundamentaram a interpretação da situação investigada. Participaram da pesquisa: um estudante com cegueira adquirida egresso da licenciatura em Física; cinco de seus docentes, sendo um docente e uma docente, respectivamente, os coordenadores daquele curso e do núcleo de acessibilidade; dois de seus colegas, sendo que um deles foi seu monitor. Os dados foram constituídos por entrevistas individuais com os participantes, cuja análise foi orientada pela Análise Textual Discursiva, e por documentos oficiais da Universidade e do curso, que, conquanto não tenham sido analisados de modo sistemático, contribuíram para a descrição e interpretação sobre a situação investigada. Os resultados indicam que ocorreu mais a promoção do acesso do estudante cego à linguagem matemática e a elementos gráficos que aos aparatos experimentais utilizados nas aulas de laboratório de Física, tendo sido relatada uma única situação em que foi produzido e utilizado um aparato experimental sob a perspectiva inclusiva. Foram realizadas/produzidos(as): adequações em instrumentos e estratégias de avaliação; gravações de áudio, pelos colegas, de trechos dos livros-texto; materiais com equações escritas por extenso em Língua Portuguesa e na linguagem LaTeX associada ao software ledor de tela. A descrição/leitura oral foi a principal estratégia adotada para possibilitar ao estudante cego o acesso à linguagem matemática e a elementos gráficos. A monitoria de pares possibilitou-o estabelecer canais comunicacionais com seus pares videntes, atuar como parceiro mais capaz e, no contexto das disciplinas de Física e Matemática, promoveu o seu acesso à linguagem matemática, porém não proporcionou a autonomia na leitura e escrita, bem como a independência nas atividades de estudo. Os entrevistados tiveram uma atitude de corresponsabilidade no processo de inclusão do estudante cego e suas ações foram balizadas por dificuldades na realização de: um trabalho pedagógico colaborativo; descrições orais de modo improvisado; atividades comuns a cegos e videntes; adequação das disciplinas/conteúdos curriculares considerando a relação entre as especificidades do graduando cego e o perfil do profissional egresso. Defende-se que um graduando cego em Física não será um profissional menos capaz que um vidente. É precípuo, para tanto, desmantelar a noção de autonomia e independência assente no padrão da cultura hegemônica vidente e compreender que a inclusão não deve ficar restrita ao contexto educacional.