Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Pedroso, Mateus Fachin |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/237020
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Resumo: |
A presente tese de doutorado teve como objetivo central interpretar os processos que constituem as experiências fundadas pelas mulheres que vivem com HIV/AIDS em Presidente Prudente, São Paulo (SP) a partir de seus cursos de vida e campos de possibilidades priorizando entender os encontros e acontecimentos relacionados às interseccionalidades que estruturam o contexto geográfico. Este estudo exigiu um afinado aparato metodológico que orientasse a produção e análise dos dados de pesquisa. Posto isso, a tese em tela manteve o emprego e articulação de metodologias alinhadas à dois elementos fulcrais: as demandas reais de pesquisa e as contribuições teórico-metodológicas feministas que, de forma conjunta, permitiram reelaborar o movimento de construção da tese junto às participantes envolvidas. A concepção desses movimentos garantiu que as narrativas das mulheres estivessem ao centro, enquanto protagonistas, de modo que suas histórias fossem os fundamentos primeiros para a compreensão do contexto geográfico, uma vez que a ambientação e atmosfera das narrativas dependeram das vozes entoadas, das tonalidades, texturas, dos ethos e dêixis discursivas que deram dimensão ao vivido. Destarte, propomos o contexto geográfico como um conjunto de relações dialógicas, relacionais e dinâmicas, que tomam os sujeitos como princípio de ação e significação e, portanto, são passíveis de transformações que os configuram ao mesmo tempo que os conectam ao particular e ao universal. Esta construção teórica preza pela interpretação de relações complexas, sobretudo, a dos movimentos de ser/existir dos indivíduos em realidades geográficas para que os sujeitos sejam compreendidos por meio das diferentes articulações entre Espaço-tempo, Conteúdo e Agência, pilares móveis que configuram relações de caráter caleidoscópico, contribuindo assim para o alargamento da interpretação das vivências construídas pelos sujeitos por meio das experiências de seus contextos geográficos que geram opressão e/ou ressignificação. Portanto, defendemos a tese de que as evocações das vozes dessas mulheres configuraram interpretações acerca da realidade vivida e assim desvendaram uma Geografia presente no cotidiano, o que possibilitou a compreensão do contexto geográfico enquanto um raciocínio calcado no real, isso por considerarmos que no processo histórico - por vezes - estas mulheres não foram protagonistas de suas escolhas no campo de possibilidades durante os cursos de vida tendo, majoritariamente, suas capacidades de ações restringidas pelos poderes de instituições sociais como a família, o trabalho e os relacionamentos, sendo estas relacionais em cada etapa de vida (infância, juventude e vida adulta). Logo, a construção deste raciocínio se debruçou sobre o movimento característico do contexto geográfico experienciado pelas mulheres que vivem com HIV/AIDS, processo este que vai além da individuação de cada qual, já que consolida coletivamente o estabelecer de outras normatividades vitais, ou seja, novas formas de compreender e viver a vida para além da sobrevivência. Assim, a relação da epidemiologia social - interlocução indivíduo/coletivo - está atrelada à organização da sociedade espacialmente contextualizada aos modos de existência dessas mulheres, já que são elas quem experienciaram o processo de saúde-doença e assim tensionaram a relação existente entre o normal e o patológico por meio da coprodução dos respectivos contextos geográficos. Deste modo, os contextos geográficos estão respaldados pelas vozes e vidas dessas mulheres, o que garante a força de uma Geografia que rompe a hegemonia da norma e os estigmas, em outras palavras, se trata de uma Geografia própria que se nutre de tempos e espaços, da cultura, da linguagem que, se faz e se soma à carne e, assim, floresce outras formas de viver. |