O som como drama: a noção de affetto na escritura musical contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Martinelli, Leonardo [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151102
Resumo: A partir de meados década de 1950, momento em que a música serial entra em uma profunda crise, constatamos o surgimento de novas poéticas na música contemporânea. Como resultado, além de um cenário estilisticamente heterogêneo – fruto da ausência de um sistema musical em comum – testemunhamos no âmbito da composição musical uma retomada da expressividade. Isso ocorreu porque desde meados da segunda metade do século XIX – a partir da emergência de uma estética da música de cunho formalista – o ceticismo emotivo que inicialmente estava limitado ao debate estético foi, a partir da década de 1920, tomado como cerne de algumas práticas composicionais, especialmente naquelas de índole serial. Entretanto, antes de a criação musical contemporânea voltar a se dedicar à expressividade, houve, a partir da década de 1940, uma revisão de ordem estética tanto da tese formalista como da própria tese expressiva. Tal revisão mostrou-se fundamental na consolidação de uma nova ideia de expressividade musical, que por sua vez substanciou novos patamares técnicos e estilísticos para uma composição musical afetivamente orientada. Nestes termos, além de uma profunda modificação do papel da harmonia, constatamos o surgimento de uma nova noção de timbre, agora não mais limitado a um simples parâmetro, uma vez que alçado à condição de material musical, e desta feita suscetível a todas as ações previstas por uma escritura musical plena. No âmbito da música vocal, soma-se ainda uma profunda modificação do papel e do tratamento do libreto, por meio de novos procedimentos de escritura que passam a relativizar o tradicional paralelismo elementar entre o texto, seu significado semântico e a escritura musical, passando então a ressaltar as propriedades tímbricas e sonoras da língua, também enquanto um tipo de material musical. Os desdobramentos de ordem prática de questões desenvolvidas teoricamente nesse trabalho foram abordados por duas perspectivas. Primeiramente, por meio de comentários analíticos sobre a obra Retrato Falado da Paixão, de Flo Menezes, tomada como um exemplo de composição contemporânea afetivamente orientada; em um segundo momento, por meio da criação de uma nova peça musical, as Canções do mendigo, composta a partir de premissas trabalhadas nesta tese.