Um olhar sobre as práticas de leitura dos estudantes do primeiro ano da escola superior pedagógica do Bié-Angola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cambuta, Aristides Jaime Yandelela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215379
Resumo: A presente pesquisa tem como principal finalidade compreender as práticas de leitura dos estudantes do primeiro ano da Escola Superior Pedagógica do Bié/Angola. A mesma está embasada nas diversas contribuições teórico-científicas de Chartier (1990, 1999, 2011), Foucambert (1994, 1997, 2008), Bakhtin (2009, 2011), Smith (1989, 1999) Bourdieu (2017), Silva (2000, 2003, 2009), Geraldi (2010), Freire (1996), Britto (2012, 2015), Barbosa (1998, 2009, 2001), a fim de abordar a temática sobre a leitura com base na compreensão das condições socioculturais dos estudantes, leitores, professores e membros do corpo diretivo. Para a realização da pesquisa de natureza qualitativa, fundamentada nas visões de Lüdke & André (1986), Chartier (1990), Triviños (2001), Bakhtin (2011), Ramos et. al (2003), fez-se necessário utilizar como recurso metodológico as narrativas autobiográficas a partir dos aportes de Chartier (1990), Benjamin (2012), Josso (2006) e Souza (2008). As narrativas autobiográficas serviram de instrumento de geração de dados e foram constituídas por três roteiros com tópicos abertos dirigidos a 86 estudantes do primeiro ano da Escola Superior Pedagógica do Bié, pertencentes aos cursos de Psicologia, Biologia, Geografia, Química e Educação Primária, bem como a membros do corpo diretivo e a oito professores para complementar as informações dos estudantes e fazer a triangulação dos resultados de forma a compreender as práticas de leitura dos estudantes. Os dados das narrativas revelam que, na realidade angolana e biena, fala-se de insuficiências ou de debilidades de leitura dos estudantes do primeiro ano do ensino superior, porém ainda pouco se faz para perceber as práticas de leitura dos estudantes a partir do modelo de ensino, da análise do entorno social, da historicidade ou das concepções e práticas dos professores e gestores que lidam diariamente com os estudantes. Após mapeamento, identificação e análise das práticas de leitura desses estudantes, percebeu-se que existem fatores políticos, sociais, culturais e econômicos que influenciaram e influenciam também as práticas de leitura dos discentes. Além disso, as narrativas revelam que existe um discurso enraizado no contexto escolar e social de culpabilização hierárquica dos fracassos de leitura sem se ter em conta que estes estão condicionados ao modo da organização da estrutura social, que nem sempre é favorável à formação de leitores críticos, uma vez que a forma de ensino da leitura é inadequada e muitos textos colocados à disposição dos estudantes são de autoajuda. Diante de tal cenário, urge a necessidade de se repensarem as práticas pedagógicas desde o ensino de base – em função do processo de alfabetização –, até o ensino superior, rompendo a ideia de leitura como processo de decifração, bem como com os paradigmas tradicionalistas da leitura que priorizam o ensino desta por meio da oralização.