Anatomia de raízes de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden em diferentes profundidades do solo sob um contexto de redução de chuvas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Gomide, Maëla Peron [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151434
Resumo: Em espécies perenes de ambientes sazonais, o estabelecimento de um sistema radicular profundo é uma das estratégias de adaptação dessas espécies ao estresse hídrico. Nessas plantas, é bem estabelecido que a maior parte da absorção de água e íons ocorre em raízes finas não-suberizadas e que as porções mais jovens das raízes são as mais ativas nesse processo. Uma vez que modelos de mudança climática preveem uma redução de chuvas de até 20% entre a primeira e a última década do século XXI em grande faixa do globo terrestre, incluindo o Brasil, entender o efeito da redução da precipitação sobre a anatomia das raízes faz-se cada vez mais importante. O objetivo desse trabalho foi estudar a anatomia de raízes de Eucalyptus grandis em diferentes profundidades do solo e investigar o efeito da limitação da precipitação nos aspectos estruturais dessas raízes. Um delineamento experimental foi estabelecido em junho de 2010 com um clone de E. grandis em uma plantação da Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga (EECFI), SP, Brasil. Dois tratamentos (dois regimes de água) foram aplicados em blocos separados de 2010 a 2014: tratamento TO (controle) sem a intercepção de chuvas e tratamento TR com interceptação de 37% das chuvas por lâminas de plástico transparente. Em 2014, trincheiras de até 17 metros de profundidade foram abertas no solo, sendo uma para cada tratamento. Cada trincheira foi centralizada entre quatro indivíduos de E. grandis. Raízes finas laterais foram coletadas a 0-50cm e 12-16m de profundidade do solo e separadas em quatro categorias de acordo com seu diâmetro: Ø > 2mm; 1< Ø ≤ 2mm; 0,5< Ø ≤ 1mm; e Ø ≤ 0,5mm. As amostras foram processadas segundo técnicas usuais em anatomia vegetal. Análises morfométricas foram realizadas em secções transversais ao microscópio de luz com auxílio do software Olympus Cell B. Os resultados foram submetidos ao teste t (de Student) e U-Mann Whitney; outros à ANOVA dois fatores e ao teste de Tukey. Raízes com diâmetro Ø > 2mm e 1< Ø ≤ 2mm coletadas em TR, e raízes com diâmetro 0,5 < Ø ≤ 1mm coletadas em TO nas maiores profundidades do solo apresentaram maior área total ocupada pelo xilema; raízes com diâmetro Ø > 2mm, 1< Ø ≤ 2mm e 0,5 < Ø ≤ 1mm coletadas em TR nas maiores profundidades também apresentaram maior proporção da área total ocupada pelo xilema pela área total da porção funcional da raiz; nas raízes profundas dessas três categorias coletadas em TO e TR os elementos de vaso eram menos abundantes, porém com maior diâmetro do que as raízes mais superficiais. O aumento do diâmetro dos elementos de vasos nas raízes profundas remete a um aumento da condutividade hidráulica, porém pode aumentar o risco de embolismo. Além disso, raízes profundas dessas mesmas três categorias coletadas em TR apresentaram numerosos grupos de fibras gelatinosas no floema e tilos nos elementos de vaso. Fibras gelatinosas apresentam potencial para armazenamento de água enquanto que tilos podem representar uma estratégia contra o embolismo em condições de estresse hídrico. Esses dados reforçam a ideia de que a redução de chuva influencia a anatomia das raízes de E. grandis nas camadas mais profundas do solo.