O Sísifo moderno: trabalho e educação na recuperação de fábricas argentinas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Nemirovsky, Gabriel Gualhanone [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191742
Resumo: A presente pesquisa teve como objeto a recuperação operária de fábricas na Argentina, especialmente a ética articular contida no desenvolvimento das práticas de recuperação. Iniciou-se essa investigação com a analogia entre a prática da recuperação e o castigo de Sísifo, tendo como denominador comum a repetição e a dialética inscrita em sua ocorrência e desenvolvimento, entendida a partir do Absurdo de Albert Camus. Procurando desviar do paradoxo que o “paradigma de Hölderlin” envolve, a pesquisa identificou-se com a perspectiva do fatalismo absoluto e o materialismo marxista na vertente aberta por Louis Althusser em seu materialismo do Encontro. O problema de pesquisa foi colocado pelo seguinte questionamento: qual a ética particular produzida pelo sacrifício do trabalho cotidiano dos operários em fábricas recuperadas? Direcionou-se o objetivo geral a identificação dos vetores educativos estruturados no bojo da recuperação operária de fábricas na Argentina.Como procedimentos, foram realizadas pesquisas bibliográfica, documental e dialógica; a primeira centrou-se na formação de um quadro teórico preliminar, o “estado da arte” da pesquisa; a segunda foi utilizada para a obtenção de dados secundários relativos aos mapeamentos conduzidos pelo Programa Facultad Abierta; e a terceira foi realizada por meio da condução de entrevista não-estruturadas com interlocutores de relevância para ahistória do movimento de recuperação de fábricas por trabalhadores na Argentina, como Eduardo Murúa, Silvia Díaz, Mario Henriques e Andrés Ruggeri. O desenvolvimento da pesquisa foi exposto por três capítulos, divididos conforme a seguinte sequência: o primeiro capítulo apresenta a recuperação de fábricas por trabalhadores tanto sob a perspectiva formal-legal quanto pela perspectiva real dos conflitos e dificuldades de realização da recuperação; o segundo, teve como fundamento apresentar a gênese histórica do objeto de pesquisa; e o terceiro, por sua vez, dedicou-se ao exame teórico das implicações que os achados da investigação portam consigo. Como resultado, identificou-se que o trabalhadores autogeridos em fábricas recuperadas se apresentam como camada da classe operária, enquanto as fábricas recuperadas se desenvolvem como epicentros da produção ideológica do “comum”, alicerçada no exercício de uma soberania territorial-popular em autonomia.