Sob o espectro da traição: frei Betto e a construção social da memória da ditadura militar brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Bruno Dias [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202877
Resumo: Desde o golpe que depôs o presidente João Goulart, em 1964, as subsequentes transformações históricas pelas quais o Brasil passou têm acirrado as disputas em torno da hegemonia e, até mesmo, da influência no processo de construção da memória da ditadura militar. Nesse sentido, memorialistas dedicados ao tema foram impelidos a revisar suas narrativas sobre o regime autoritário, perante o risco de que seus discursos, com o passar do tempo, perdessem a funcionalidade política. Dessa forma, o estudo da obra memorialística de frei Betto apresenta-se como valiosa contribuição no perscrutar a historicidade e o caráter político dessa representação do passado. O religioso é um dos autores que persiste em reeditar suas lembranças do Estado de exceção e seu livro mais conhecido, Batismo de Sangue, ascende como referência para o debate acerca da memória dominante do período. Assim, por meio da análise das estratégias de convencimento e da comparação entre as intepretações da ditadura militar que o dominicano desenvolveu em seus cinco livros dedicados ao registro de suas reminiscências (publicados ao longo de quase quarenta anos), este trabalho buscou compreender de que maneira as variações conjunturais – especialmente aquelas que reportam ao processo de Abertura durante os anos 1980 até a Era Lula (2002-2010) – promoveram a emergência de novos projetos políticos que ensejaram uma luta pela remodelagem da memória do regime autoritário. Esse embate não se restringe ao tradicional eixo Direita-Esquerda e, estendendo-se também a memorialistas pertencentes ao mesmo espectro ideológico, apresenta-se como fundamental na demonstração do predomínio que o contexto da articulação discursiva exerce sobre a narrativa do passado, o que, portanto, corrobora a tese acerca do caráter histórico e dos usos políticos desse tipo de construção.