Impacto do exercício físico combinado na função diastólica de pacientes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção reduzida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Valadão, Tainá Fabri Carneiro [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/137985
Resumo: Os efeitos favoráveis de um programa de exercício físico combinado (EFC) em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) e fração de ejeção ventricular esquerda reduzida (FEVER) são bem reconhecidos na literatura. Acredita-se que os efeitos benéficos do EF não se devam à melhora da FEVE. Por outro lado, alguns estudos apontaram para efeitos benéficos do EF na função diastólica do VE. Tendo em vista a importância da pressão de enchimento do VE na sintomatologia dos pacientes com IC, levantou-se a hipótese de que de que um programa de EFC e supervisionado é capaz de promover melhora na função diastólica em pacientes com IC com FEVE < 50%, e que esse efeito está associado à diminuição dos sintomas, refletindo em melhora da CF e da QV nesses pacientes. Objetivos: avaliar o efeito do EFC na função diastólica de pacientes com IC de FEVE reduzida e investigar se a melhora na função diastólica é fator associado à melhora dos sintomas, capacidade funcional e qualidade de vida desses pacientes. Metodologia: trata-se de um ensaio clínico prospectivo, randomizado e controlado, que incluiu pacientes com IC e FEVE <50%, acima de 18 anos. A amostra foi composta por 42 pacientes, distribuídos em 2 grupos pareados por idade e sexo: grupo controle (GC) n=20 - submetidos à prescrição já realizada nas consultas de rotina para prática de atividade física regular não supervisionada. Grupo intervenção (GI) n=22 - submetidos a um programa de exercício físico supervisionado composto por exercício aeróbico complementado por exercício de força 3 vezes por semana por 12 semanas. Os pacientes dos dois grupos foram submetidos inicialmente e após 12 semanas de pesquisa à avaliação clínica e física, teste de caminhada de 12 minutos, ecocardiograma transtorácico, avaliação do controle autonômico cardíaco e avaliação da QV. Análise estatística: Foi realizado teste “t” dos resultados das diferenças entre os momentos pós e pré protocolo comparando os dois grupos, ou de Mann Whitney para dados com distribuição não normal. Foi utilizado testes de correlação para associações de variáveis do mesmo grupo. Resultados: Em relação às variáveis clínicas, apenas a pressão arterial sistêmica no GI (p=0,022) apresentou diferença significativa em relação ao GC. Durante a avaliação inicial do estudo, o sintoma de dispneia estava presente em 60% no GC e 45% no GI, p=0,72, e dor torácica 30% no GC e 22% no GI, p=0,36. Ao final da pesquisa, tanto o sintoma de dispneia (10% no GI e 53% no GC, p=0,01) como de dor torácica (0,0% no GI e 20% no GC, p=0,02) diminuíram significativamente no GI e não se modificaram no GC. Em relação às variáveis ecocardiográficas morfofuncionais, foi observada diferença significativa apenas na variável fração de ejeção (p=0.049) no GI ao final do protocolo de pesquisa. Os voluntários do GI apresentaram melhora na CF, avaliada pelo VO2 de pico em METS em relação ao GC ao final do estudo (p=0,001). Ao término do protocolo, houve melhora significativa em quatro das oito dimensões do questionário de QV no GI em relação ao GC: Capacidade funcional (p<0,001), limitação física (p=<0,001), estado geral de saúde (p<0,001) e vitalidade (p<0,001). Também foi observada relação positiva entre a CF e três dimensões avaliadas no questionário SF-36: vitalidade (R=0,459, R2= 0,211 e P= 0,036), aspectos sociais (R= 0,510, R2= 0,260 e P= 0,018) e limitações por aspectos emocionais (R= 0,529, R2= 0,279 e P= 0,014). Em relação às análises do domínio de variabilidade de frequência cardíaca (VFC), foi observada melhora do componente parassimpático (banda de alta frequência em unidades normalizadas; p=0,016) e redução na banda de baixa frequência em unidades normalizadas no GI após o programa de exercício (p= 0,036) em ortostatia. O GC apresentou 3 pacientes com desfechos desfavoráveis (1 paciente com mortalidade cardiovascular e 2 pacientes com recém diagnosticada fibrilação atrial) e o GI não apresentou desfechos desfavoráveis ao longo do protocolo. (p=0,058). Discussão e Conclusão: Um programa de EFC supervisionado de 12 semanas em pacientes com ICFER é capaz de promover impacto favorável na sintomatologia, pressão arterial, tolerância ao exercício e QV, que independe de alterações morfofuncionais cardíacas. A função diastólica não parece ser fator principal nesses benefícios promovidos pelo exercício. O GI, submetido a programa de exercício físico combinado, teve tendência a menor número de desfechos desfavoráveis nesse período de protocolo, quando comparado ao Grupo Controle.