Evolução geomorfológica e dinâmica hidrossedimentar da Planície Fluvial Paraguai-Corumbá, Quaternário do Pantanal

• Ano de defesa: 2017
• Autor(a) principal: Macedo, Hudson de Azevedo [UNESP]
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
• Palavras-chave em Português: Pantanal; Rio Paraguai; Geomorfologia fluvial; Hidrossedimentologia; Mudanças paleoambientais; Hydrosedimentology; Pantanal wetlands; Paraguay River; Fluvial geomorphology; Paleoenvironmental changes
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152374

A Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) é constituída por áreas que apresentam características distintas no que concerne aos aspectos tanto biológicos como físicos, tendo o Pantanal como a mais evidente destas e sendo constituído por diversos sistemas hidrogeomorfológicos, com o rio Paraguai como espinha dorsal desses sistemas. As planícies fluviais do rio Paraguai, dentro do Pantanal, possuem dinâmica hidrossedimentar peculiar e grande importância por serem o principal coletor deste imenso trato deposicional. Considerando sua importância e as peculiaridades hidrogeomorfológicas deste sistema, a presente pesquisa visa investigar a evolução quaternária e a dinâmica hidrossedimentar atual da Planície Fluvial Paraguai-Corumbá (PFPC). Para o desenvolvimento deste trabalho, dados de sensoriamento remoto, sedimentológicos e geocronológicos foram utilizados para o estudo da evolução geomorfológica da planície. Dados hidrossedimentares (levantamento em campo e dados secundários) possibilitaram a compreensão da dinâmica hidrossedimentar da área. O mapeamento geomorfológico permitiu identificar três unidades geomorfológicas na área, que possuem feições fluviais deposicionais. A PFPC é composta por cinturões de meandros e rede de paleocanais na bacia de inundação. Paleocinturão de meandros foi reconhecido na PFPC e exibe paleoformas deposicionais que indicam condições hidrossedimentares diferentes das atuais. A bacia de inundação do rio Paraguai apresenta uma drenagem formada por formas canais-elevados. Na porção sul da bacia, esses canais convergem para formar canais meandrantes com espiras de meandros semelhantes aos existentes em região mais ao sul do Pantanal. A origem e evolução dessas associações morfológicas estão condicionadas tanto por fatores climáticos como pela configuração da área em relação à bacia hidrográfica. Com base no mapeamento, interpretação dos compartimentos geomorfológicos reconhecidos na área e datações absolutas das formas, esquema evolutivo da geomorfologia da planície foi proposto: 1) Formação de canais-elevados na bacia de inundação do rio Paraguai, durante o Pleniglacial (50 – 20 ka AP); 2) Formação do antigo cinturão de meandros do rio Paraguai, no final do Pleistoceno e início do Holoceno, truncando as formas canal-elevado na bacia de inundação; 3) Com a progressiva melhora climática e aumento das vazões no Holoceno superior, avulsão ocorreu no rio Paraguai na altura da baía do Castelo, construindo seu cinturão atual. As gerações de formas identificadas e mapeadas, que resultaram em um padrão de sobreposição de diferentes estilos fluviais, registram significativas mudanças paleoambientais e paleo-hidrológicas que vêm ocorrendo desde o Pleniglacial. No que diz respeito à dinâmica hidrossedimentológica, levantamentos hidrossedimentares revelaram que a PFPC é um sistema hidrogeomorfológico complexo e peculiar, com perturbações na descarga do rio Paraguai, geradas por pelo menos dois fatores: a configuração geológico-geomorfológica e a hidrologia da área. Ambos propiciam o aparecimento de fenômeno hidrológico ainda pouco estudado no Pantanal: efeito remanso (backwater effect), responsável por perturbações nas vazões do rio Paraguai, que tem sua morfodinâmica também alterada.