Plasticidade fenotípica em miconia ligustroides (dc.) naudin (melastomataceae) em cerrado stricto sensu e floresta estaciomal semidecídua: dados morfoanatômicos, histoquímicos e fisiológicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Valerio, Zoraide
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192114
Resumo: A busca pela compreensão dos mecanismos que permitem que espécies vegetais ocupem ambientes distintos tem atraído a atenção de inúmeros pesquisadores, especialmente no contexto de mudanças climáticas. Neste sentido, características morfológicas, anatômicas e fisiológicas têm sido usadas com frequência para investigar respostas das plantas a diferentes condições ambientais. Miconia ligustroides, um representante de Melastomataceae, exibe extremo polimorfismo em cerrado (stricto sensu) e floresta estacional semidecídua (Mata Atlântica). Com o objetivo de verificar como as características foliares variam nesta espécie em reposta ao ambiente, e compreender como essas respostas podem interferir na distribuição da espécie em ambientes contrastantes, exemplares de M. ligustroides foram estudados e comparados. Para isso, amostras de folhas completamente expandidas foram coletadas e processadas para estudos aos microscópios de luz e eletrônico de varredura, de acordo com técnicas usuais. Trocas gasosas, fluorescência da clorofila a e luminosidade incidente foram avaliadas in loco utilizando-se o analisador de gás infravermelho portátil (IRGA-modelo LI 6400 XT, Li-cor). Foram realizados registros do microclima e análises físico-químicas do solo nas áreas de estudo. Plantas desses dois ambientes mostraram variações quanto ao hábito e características morfológicas e anatômicas das folhas, além de diferenças nos índices de trocas gasosas e fluorescência da clorofila a. No cerrado, as plantas apresentaram hábito arbustivo, com limbo espesso e de coloração esverdeada-brilhante, dispostas verticalmente nos ramos. Na floresta, as plantas apresentaram porte arbóreo, com limbo delgado e coloração verde-escura opaco, dispostas horizontalmente nos ramos. Cutícula mais espessa com estrias cuticulares e ceras epicuticulares em forma de placas proeminentes, células epidérmicas e células do parênquima paliçádico mais altas e mesofilo mais espessos foram observados nos exemplares do cerrado. Braquiesclereides ocorreram unicamente na nervura principal dos exemplares do cerrado; idioblastos cristalíferos contendo mucilagem e células com conteúdo fenólico foram observados em todos os exemplares analisados, contundo foram mais abundantes no cerrado. Não houve diferença significativa em relação à densidade e diâmetro (polar e equatorial) dos estômatos entre os dois ambientes. Nas plantas do cerrado, foram registradas as maiores taxas de assimilação liquida de CO2, transpiração, condutância estomática, eficiência da enzima Rubisco e menor concentração interna de CO2, enquanto que a eficiência do uso da água não diferiu estatisticamente nas duas localidades. Os maiores valores de rendimento quântico efetivo do fotossistema II (ΦFSII), taxa de transporte de elétrons (ETR), quenching fotoquímico (qP), fração de luz absorvida pela antena do fotossistema II que é dissipada como calor (D), foram registrados em plantas de M. ligustroides do cerrado. Maiores valores de fração de energia de excitação não dissipada na antena que não pode ser utilizada na fotoquímica (Ex) e maior rendimento quântico potencial do fotossistema II (Fv'/Fm') foram registrados em plantas de M. ligustroides na floresta. O presente estudo demonstrou que as características morfológicas, anatômicas e fisiológicas variam entre os exemplares de M. ligustroides ocorrendo em cerrado e floresta e, o conjunto de resultados obtidos neste estudo indica que as variações exibidas por M. ligustroides estão relacionadas principalmente com as condições de luminosidade do ambiente, que é significativamente mais elevada no cerrado, e com algumas características físico-químicas do solo, principalmente a elevada concentração de manganês no solo da floresta. A capacidade de M. ligustroides em explorar ambientes com diferenças significativas na intensidade luminosa e características do solo pode 2 explicar sua ampla distribuição em diferentes ecossistemas e pode ser vantajoso em condições de mudanças ambientais. Finalmente, a análise comparada de características morfoanatômicas e fisiológicas de folhas em representantes de M. ligustroides do cerrado e floresta, juntamente com registro das condições edafoclimáticas dessas duas fitofisionomias forneceu uma base para definir os fatores que atuam na plasticidade fenotípica desta espécie.